face à conjuntura, como vão pôr os portugueses a comprar?
há uma quebra importante de consumo em portugal, nas áreas onde actuamos: electrónica, desporto e moda. a electrónica é a que se ressente mais depressa, porque são bens de valor elevado. nos últimos dois a três anos vinha a sentir alguma dificuldade devido à crise mas, no último ano, sente-se mais. temos tentado corrigir aspectos onde podemos acrescentar valor e atrair consumidores. a intensidade promocional tem aumentado. as nossas marcas são fortes e estamos a ganhar quota de mercado.
mas as vendas estão a cair.
caímos menos do que o mercado. a worten tem conseguido ganhar um ponto percentual de quota de mercado. atingimos os 30%, o que confirma que estamos a ser capazes de responder melhor aos clientes do que os concorrentes. estamos muito satisfeitos com os resultados.
espera chegar ao final do ano com quebras?
sim. estamos preparados para isso. é muito difícil prever de quanto, porque este ano o fenómeno do natal é uma incógnita.
o que está previsto ao nível de aberturas para 2011 e 2012, em portugal? há abrandamento do investimento?
sim, e vamos ser mais exigentes com os investimentos. isso significa alguma redução de abertura, mas também que, em portugal, nas principais insígnias que temos, o espaço já está muito ocupado. por isso, não estávamos a contar com aberturas significativas. este ano já abrimos dez lojas e poderemos abrir mais até ao final do ano. dependerá dos espaços comerciais que avancem ou não. é um número reduzido, mas semelhante ao do ano passado. aliás, já abrimos mais metros quadrados em 2011 do que em 2010.
quanto investiram?
a sonae sr tem vindo a investir próximo dos cem milhões de euros por ano. e, embora tenhamos feito alguma redução, à volta dos 20%, este ano não andará longe desses valores. mas uma boa parte, tal como no passado, é investimento internacional. em portugal, vamos investir por ano 20 a 30 milhões de euros. em 2012, será algo inferior.
com menos aberturas, vão criar menos emprego. e temos a crise. podemos falar de redução de equipas e despedimentos?
espero que não, mas podemos. no campo hipotético, podemos. temos conseguido geri-lo da forma mais equilibrada possível.
mas têm feito despedimentos?
temos feito ajustamentos de equipas. trabalhamos com reforços sazonais, normalmente no natal e no verão, em que há picos de vendas. há contratos temporários de três meses e depois terminam. isso dá-nos uma flexibilidade grande. há anos em que, se o consumo está a correr bem, se calhar já não se reduzem equipas. noutros anos reduz-se e, certamente, este não terá sido um ano em que se justifique manter reforços mais tempo do que o pico de vendas. foram ajustamentos desse género.
de quantas pessoas? por exemplo, na worten têm reduzido elementos nas equipas.
no total, em portugal, reduzimos entre 200 a 300 pessoas, num universo de 6.500 colaboradores, nos últimos 12 meses.
mas despediram ou deixaram de contratar?
deixámos concluir os contratos de reforço e de tempo parcial que tínhamos contratado.
para 2012, poderemos esperar reajustes?
estamos a preparar-nos para ter de fazê-los, provavelmente do mesmo género do que fizemos este ano. mas contrastamos isso com o investimento grande que estamos a fazer em crescimento internacional, embora tenhamos feito um reajustamento ao nível das lojas que deixaram de ser possíveis de sustentar.
fecharam lojas?
fechámos três lojas já este ano [todas vobis, em albufeira, loures e coimbra].
podem fechar mais?
podemos. ainda não temos previsto nem decisões fechadas quanto a encerrar lojas. mas sabemos que podemos ter de fechar. há uma necessidade de ajustamento da oferta que é normal e que pode ter de acontecer. mas acreditamos que será muito pontual.
a prazo, como vai dividir-se o volume de negócios, entre portugal e os restantes mercados?
temos conseguido acelerar bastante o crescimento internacional. fechámos o ano passado muito perto dos 20% de vendas internacionais. no primeiro semestre já foi 25% e devemos fechar 2011 perto dos 30%. isso marca o transformar da sonae sr numa empresa ibérica. a nossa ambição é ultrapassar os 50% e portugal deixar de representar a maioria do volume de negócios. num horizonte de longo prazo, a tendência é que espanha continue a crescer e, dependendo do sucesso deste mercado, possa ter um relevo superior ao português.