Protesto ‘ocupar Wall Street’ cresce em Nova Iorque

A onda de protestos em Nova Iorque entrou na sua terceira semana de indignação, e os manifestantes surgiram esta segunda-feira em Wall Street vestidos de empresários mas com uma cara pintada de zombie, demonstrado a sua revolta contra a «ganância corporativa», um dos pontos que tem sido mais evocado nos protestos.

a recente onda de protestos que eclodiu em nova iorque – e já em outras cidades dos eua -, merece uma contextualização. a crise financeira que alastrou um pouco por todo o mundo e fez descambar algumas economias, casos de portugal e da grécia, motivou, ao mesmo tempo, a formação de movimentos de indignação e protesto sociais face à austeridade a que os governos nacionais foram obrigados a recorrer para enfrentar a crise.

milhares encheram as ruas da grécia. seguiram-se portugal e espanha, com ecos em itália. o mês de setembro levou a revolta aos eua, nação onde a falência do lehman brothers espoletou o primeiro ‘big-bang’ da crise financeira mundial, ainda em 2008. agora, em 2011, milhares de pessoas começaram a expressar o seu protesto em wall street, na cidade de nova iorque.

no sábado, cerca de 700 pessoas foram detidas pelas autoridades após milhares de manifestantes terem ocupado a ponte de brooklyn. a sete centenas de detidos aumentaram para mais de 1000 o número de detidos na sequência de duas semanas de protestos. as detenções policiais não esmoreceram os manifestantes, que esta segunda-feira voltaram às ruas.

os protestos escolheram, desde o início, vários alvos: a ganância corporativa, a subida dos preços dos combustíveis ou os insuficientes seguros de saúde, foram alguns dos protestos destacados pela cnn, entre as diversas reivindicações que ecoam nas vozes de quem, diariamente, vai expressar a sua indignação para wall street.

à falta de líderes do movimento, resta a partilha de uma denominação para o protesto – «occupy wall street – ocupar wall street». sem o mesmo nome mas com motivos semelhantes, outras cidades começaram a assistir ao germinar de outros protestos, conta o the guardian, ao destacar los angeles, chicago, boston, denver e a capital, washington.

resta saber como irão os eua reagir à onde de protestos que parece querer crescer no país. à terceira semana, a indignação ganhou visibilidade mediática com as 700 detenções em nova iorque.

a visibilidade ganha pelos protestos nova-iorquinos e as detenções ocorridas suscitaram já reacções por parte de algumas personalidades públicas. salman rushdie, famoso escritor britânico, foi um deles.

«a economia mundial foi destruída por comerciantes gananciosos. no entanto, são os manifestantes que vão presos», foi a reacção que o romancista britânico publica na sua conta do twitter.

os manifestantes de nova iorque avançaram, no início dos protestos, que queria encher wall street com 20 mil manifestantes. a recém-adquirida visibilidade mediática poderá impulsionar o movimento, quando hoje entra na sua terceira semana de protestos.

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