Resultado Líquido

O alerta do Presidente da República, feito na entrevista à TVI, sobre as exigências da troika relativamente à banca portuguesa, evidencia a situação grave em que o sector financeiro se encontra.

é certo que é indispensável o reforço dos capitais próprios das instituições – porque só assim conseguem recuperar a confiança dos mercados, que permanecem fechados –, mas não é menos verdade que, de uma forma geral, a banca portuguesa está, neste capítulo, em melhores condições do que a de outros países da zona euro. o problema da banca portuguesa é, antes de mais, um problema de liquidez. trocado em miúdos: os bancos estão quase sem dinheiro para emprestar às famílias e – muito mais grave – às empresas, o que, a manter-se, vai criar insuportáveis problemas ao país e, no limite, precipitar o encerramento de milhares de empresas e agravar o já elevado desemprego. cavaco silva tem razão quando diz que «talvez a troika tenha ido demasiado longe» nas exigências ao bancos.

é sabido que existe um ‘pacote’ de 12 mil milhões de euros para recapitalizar os bancos portugueses. como o sol revelou na semana passada, a banca – a braços com um insuportável nível de dívidas (que tão cedo não vão ser pagas) das empresas públicas – quer que esta verba da troika sirva para o pagamento de parte destes passivos. era importante que o estado exercesse pressão para que tal fosse possível. de outra forma, será cada vez mais escasso o dinheiro disponível para financiar a economia. e os bancos acabarão por fechar a torneira (o bcp já o fez parcialmente no sector da saúde) ao próprio estado. no fundo trata-se de priorizar medidas: é mais importante, agora, que haja dinheiro na economia do que no reforço dos capitais dos bancos. de outra forma, o país pode parar.

ricardo.d.lopes@sol.pt