De Lisboa a Nova Iorque, a contestação tornou-se ainda mais global

Uma das subscritoras do manifesto que promove a 15 de Outubro um protesto em Lisboa defende que as manifestações dos «indignados» em Nova Iorque reforçaram o carácter global e transnacional da contestação que percorreu nos últimos meses a Europa.

para paula gil, do movimento 12 de março (m12m), todos estes protestos são marcados por uma questão «global» e «transnacional»: a falta de democracia.

ao longo das últimas três semanas, vários milhares de «indignados» norte-americanos desafiaram um dos principais centros financeiros do mundo e lançaram-se na missão ‘occupy wall street’ («ocupar wall sreet’).

«as pessoas não se sentem revistas nas políticas que são aplicadas directamente sobre elas. sentem-se quase agredidas (…). têm necessidade de demonstrar que querem ser ouvidas, que querem contribuir para uma melhoria da sociedade e que a sociedade tem de começar a contar mais com elas do que com os mercados ou com os credores», afirma, em declarações à agência lusa, a subscritora do manifesto que promove a iniciativa ’15 de outubro, a democracia sai à rua!’ na capital e em outras cidades portuguesas.

paula gil defende que as pessoas devem ser o foco principal do estado.

«queremos um estado que sirva as pessoas, que proteja as pessoas. isto é o foco principal do estado. são as pessoas que lhe dão poder e justificam a sua existência e não os mercados ou os credores», sublinha.

de lisboa a nova iorque, os protestos dos «indignados» têm vindo a ocupar as ruas de várias cidades nos últimos meses, como foi o caso de madrid, barcelona, roma, atenas ou paris.

«estes acontecimentos têm simbolismo em qualquer lugar onde ocorram, o importante é que as pessoas estão a mobilizar-se», refere paula gil.

a poucos dias da realização da iniciativa «15 de outubro, a democracia sai à rua!», a representante pensa que os portugueses estão conscientes da actual situação do país e da necessidade de demonstrar publicamente o seu descontentamento.

«todos temos conhecimento do que se está a passar, poderemos não ter conhecimento de todas as medidas específicas da ‘troika’, mas temos consciência de como isto nos afecta directamente e não nos permite prosseguir», afirma a subscritora do manifesto, recordando, com uma alguma ironia, as promessas políticas.

«falam de uma retoma económica daqui a nove meses, honestamente a única coisa que eu conheço que demora nove meses e traz felicidade às pessoas são bebés, não são retomas económicas. acho que as pessoas têm consciência disso», salienta.

o m12m, que esteve na origem do protesto da ‘geração à rasca’ a 12 de março deste ano que levou quase 500 mil pessoas às ruas de todo o país, é uma das várias organizações que estão unidas na mobilização para o próximo dia 15.

«é a primeira vez que uma plataforma se une para fazer esta mobilização», diz paula gil.

o protesto, agendado para um sábado, terá início em lisboa com um desfile entre o marquês de pombal e são bento.

já em frente do parlamento será realizada uma assembleia popular, «onde todas as pessoas poderão contribuir de forma positiva para a continuidade deste protesto», segundo a representante.

a iniciativa, que vai decorrer também no porto, braga, évora, angra do heroísmo, faro, setúbal e coimbra, termina com uma vigília.

lusa/sol