Protesto ‘Ocupar Wall Street’ cresce com os EUA ‘de pernas para o ar’

Os protestos de Nova Iorque começam a aumentar de tom. À terceira semana, a súbita atenção mediática está a ser acompanhada por um crescente interesse público no movimento que se auto-denomina de «Ocupar Wall Street».

a notoriedade em torno dos protestos que se têm concretizado diariamente em wall street, no centro de nova iorque, tem crescido em termos de adesão. após a detenção de 700 manifestantes no sábado, após bloquearem a ponte de brooklyn, parece ter proporcionado a faísca que faltava ao movimento.

das dúzias aos milhares. ontem, na quarta-feira, foram pelo menos 5 mil as pessoas que se uniram nos protestos que ecoam por wall street, que contrastaram com as dúzias começaram timidamente a gritar a 17 de setembro, dia do início dos protestos.

a lufada no aumento dos números – são milhares as pessoas que enchem têm enchido wall street esta semana -, tem no episódio de sábado uma das suas razões. o new york times assim o constatou, ao falar com vários manifestantes esta quinta-feira.

a detenção em massa parece ter demovido aqueles que eram inicialmente bloqueados pela hesitação. «adoro a sua democracia directa, a sua natureza de base», confessou um deles, que se juntou esta semana aos protestos.

sindicatos empurram movimento

participar em protestos implica, desde logo, um ‘etiquetar’ social. de cidadãos passam a ser manifestantes, algo que muitos confessam nunca ter posto em hipótese. mas, nos últimos dias, e com o avolumar da mancha humana, a verdade é que «os jovens de wall street estão a dar voz a muitos problemas da classe trabalhadora dos eua», diz larry hanley à cnn, presidente da amalgamated transit union, um dos sindicatos que juntou o seu nome ao protesto.

o próprio barack obama reconhece o teor representativo dos protestos. o presidente dos eua confessou esta quinta-feira, em discurso na casa branca, que os manifestantes em wall street espelham «as frustrações do povo norte-americano», escreve a associated press.

outro presidente de uma união sindical, michael mulgrew, foi mais além na génese dos protestos, que justifica ao apontar que os eua «estão de pernas para o ar», e que os manifestantes «estão a lutar pelos seus filhos e famílias».

cargas policiais crescem com protestos

transversal a todos os protestos costuma estar uma redobrada atenção policial. e, no mundo actual, entre a atenção e a violência está uma margem ténue.

o britânico daily telegraph noticia que, na noite de quarta-feira, vários manifestantes foram alvos de bastonadas por parte das autoridades. a fox news, cadeia de televisão norte-americana, avançou igualmente que um jornalista foi agredido por um polícia no meio da confusão que se instalou em wall street.

aliás, um dos motivos que levou a incremento humano dos protestos terá sido um vídeo que mostrava um polícia a pulverizar com spray pimenta um grupo de mulheres que participava nos protestos de sábado.

o vídeo ganhou contornos virais e circulou pelas redes sociais, aumentando a indignação e ajudando ao aumento dos números de adesão ao movimento «ocupar wall street».

diogo.pombo@sol.pt