Sim, também serve para telefonar

Para os seus utilizadores, o iPhone é muito mais do que um telefone. Pedómetro, GPS, plataforma de acesso à internet e ‘detective’ de músicas são apenas algumas das suas funções alternativas.

a 22 de janeiro deste ano, a apple anunciou que o número de downloads de aplicações para o iphone, ipod e ipad em todo o mundo atingiu os 10 mil milhões. «com mais de 10 mil milhões de aplicações descarregadas em apenas dois anos e meio – dos quais sete mil milhões apenas no último ano – a app store [loja digital de aplicações ‘anexada’ ao itunes] ultrapassou os nossos sonhos mais optimistas», afirmou philip schiller, um dos vice-presidentes da apple.

será que o iphone mudou o dia-a-dia dos seus utilizadores? ana almeida, jornalista de 44 anos com iphone há oito meses, é taxativa na resposta: «mudou e muito. já não passo sem consultar os emails de hora a hora; tenho o facebook na ponta dos dedos a qualquer momento; faço constantemente fotos e vídeos com alguma qualidade sem precisar de andar com a máquina atrás; gravo e anoto ideias sem precisar de caneta e papel; e tenho o histórico das mensagens escritas, sem andar aborrecida porque, à conta do espaço, tive que apagar a tal mensagem tal que tinha o tal contacto». no seu caso o iphone é, sobretudo, um instrumento de trabalho. «tenho poucas daquelas aplicações de entretenimento e menos ainda de jogos».

o site da apple anuncia que, entre as pagas e as gratuitas, são mais de 350 mil as aplicações disponíveis para o iphone e afins, distribuídas por 20 categorias. entre ver quais são os bloqueios no trânsito, mudar o canal de televisão, pesquisar uma receita para o jantar e descobrir que música está a tocar na rádio, é possível encontrar um sem fim de utilizações – práticas ou estapafúrdias – para o telefone da apple. semanalmente, a app store sugere mesmo pacotes de aplicações subordinadas a um determinado tema – como finanças ou alimentação –, além de apresentar umranking com as mais populares.

mais do queumiphone, só dois iphones. este parece ser o lema da directora de comunicação sónia correia dos santos, de 37 anos. «comecei por ter o iphone 3 e depois comprei o 4. uso o primeiro para telefone profissional e o segundo como telemóvel pessoal. antes, por mais smart que fosse o meu telemóvel, só usava os recursos básicos, como fazer chamadas e enviar mensagens de texto e de imagem. com o iphone uso tudo. leio os jornais, vou ao facebook, ao banco… faço tudo com a palma da mão».

qualquer pessoa – com os adequados conhecimentos de informática – pode desenhar uma aplicação para o iphone e submetê-la à apple. resta depois esperar pelo processo de aprovação.

neste campo, a história também tem sido escrita por algumas que foram rejeitadas pela companhia de steve jobs. em maio de 2009, a aplicação newspapers, que possibilitava o acesso ao conteúdo de mais de 50 jornais em todo o mundo, foi chumbada. tudo porque um dos jornais em causa era o britânico the sun e a apple não considerava apropriado o conteúdo da página 3, ocupado por uma mulher emtopless.

também a aplicação do cartoonista mark fiore, newstoons, foi rejeitada em dezembro do mesmo ano porque os seus cartoons ridicularizavam várias figuras públicas. alguns meses depois, fiore recebeu o prémio pulitzer para os cartoons.

jose.fialho@sol.pt

[originalmente publicado na revista tabu de 8 de abril de 2011]