a primeira batalha na guerra a duas mãos tinha o estádio do dragão como palco. o local era simbólico para a selecção e para paulo bento que juntos queriam escrever mais uma página na história do futebol português.
há cerca de um ano, foi neste estádio que paulo bento orientou o primeiro dos seus até agora dez encontros à frente da selecção, frente à dinamarca, partida na qual, curiosamente, nani apontou igualmente dois golos. para a selecção, o estádio carimbou, há cerca de três anos, a passagem à fase final do euro 2008, ainda com luiz filipe scolari.
simbolismos à parte, a partida começou anormal para os portugueses. os dez minutos iniciais apresentaram uns islandeses atrevidos, ousados, a explorarem os descuidos que a selecção deixava no seu meio campo quando se balanceava para o ataque. aos seis minutos, a islândia obrigou rui patrício a defesa difícil.
até ao golo de nani, aos 11 minutos, eram nomes nórdicos que protagonizaram os principais lances de ataque da partida. mas o extremo do manchester united quebrou a gélida ousadia. canto curto de joão moutinho para eliseu cruzar para a cabeça de nani, que desviou a bola para o segundo poste da baliza islandesa.
em vez do autocarro, um iceberg
a estratégia montada pela islândia desde início começava a desmoronar-se. bloco baixo a defender, iceberg plantado à frente da sua grande área à espera de perdas de bola portuguesas para lançar contra ataques. o segundo ponto começava a falhar, e portugal a ter mais espaço para trocar a bola e aproximar-se da baliza adversária.
assim surgiu o segundo golo. não por grande mérito de portugal, mas antes pela desatenção de geir jonsson, capitão e defesa central islandês, que, ao fugir de hélder postiga, atrasou a bola para o seu guarda-redes, sem olhar, e permitiu a intromissão de nani, que assim rematou para o 2-0.
portugal ganhava, definitivo, um ascendente na partida. os lances de perigo começaram, assim, a suceder-se. primeiro, foi cristiano ronaldo a bailar e a atirar, aos 26 minutos, para boa defesa de magnusson, e carlos martins, aos 38 minutos, também ameaçou com um remate de meia distância. pelo meio, um grande cruzamento de bruno alves ao qual postiga não chegou.
este seria, de resto, o ensaio prévio para o teste com sucesso. a fechar a primeira parte, aos 44 minutos, bruno alves voltou a cruzar e, desta feita, hélder postiga rematou, de primeira, para o fundo das redes e o terceiro golo português. mas, antes de entrar, a bola ainda insistiu em tocar no poste. será sina de postiga?
água fria quase se tornou gelo
as mais de 40 mil pessoas nas bancadas esperavam um avolumar do resultado na segunda parte, mas a islândia surpreendeu. à grande jogada e remate à barra de ronaldo, logo aos 47 minutos, responderam os islandeses com um golo, um minuto depois, por intermédio de halgrimur jonasson.
bola longa para área, o capitão ganhar nas alturas a primeira bola, que vai parar à cabeça de jonasson, que assim reduziu a desvantagem.
a partir daqui, portugal balanceou-se para o ataque e procurou reagir ao golo islandês. cristiano ronaldo, na ânsia de marcar, procurou o remate sempre que teve a bola. a selecção chegava com facilidade à grande área contrária, mas, agora, sem resultados práticos. e, a espaços, a islândia ia causando dificuldades nas bolas longas bombardeadas para a área portuguesa.
e, num desses lances, a islândia lançou o alarme no jogo. jonasson bisou na partida, aos 68 minutos, num lance similar ao seu primeiro golo. e, mais uma vez, com rolando a perder o duelo com o capitão islandês, que voltou a ganhar a primeira bola. tudo de uma selecção que nunca tinha conseguido marcar um golo fora da isolada ilha europeia em toda a fase de qualificação.
a selecção demonstrou depois vontade, apesar de uma aparente ansiedade em revolver de vez o jogo. o público ia mostrando o seu desagrado, com ocasionais assobios. no fundo, portugal queria gerir a magra vantagem que ainda dispunha, acelerando em certos lances de ataque.
eliseu e moutinho para tranquilizar
aos 81 minutos, a selecção conseguiu aumentar de novo a vantagem. incursão de eliseu pelo flanco esquerdo antes de fazer a sua segunda assistência da partida, desta feita para joão moutinho, que finalizou já no interior da área.
aumentada a vantagem, era altura de guardar a bola. as trocas de passe no meio campo português sucediam-se, e os riscos apareciam em menor número. o públicou voltou a manifestar-se, agora devido a portugal demonstrar invulgar cautela frente a uma islândia que se julgava modesta.
a insurreição dos adeptos terá lançado, novamente, os jogadores portugueses. eliseu, ao recolher um alívio da defesa islandêsa, atirou um remate em arco, à entrada da área, para o melhor golo da noite e, sobretudo, para a tranquilidade portuguesa, que só chegou aos 87 minutos. duas assistência e um golo na estreia do jogador do málaga a titular na equipa das ‘quinas’.
mas, nem assim, portugal se livrou de novo susto. a fechar a partida, nova desatenção, e novo golo islandês. perda de bola de joão pereira, avançou com a bola até bruno alves o parar, em falta, e para grande penalidade. gylfi sigurdsson, melhor islandês, converteu, aos 94 minutos, o terceiro e último golo da sua equipa, e estabeleceu o 5-3 final.
portugal garantiu assim, com redobrados e desnecessários nervos, três dos quatro pontos que faltam para assegurar a qualificação para o euro 2012. o próximo duelo é na dinamarca, já na terça-feira, onde um empate qualifica, e uma vitória dá a liderança do grupo à selecção.