Novos nomes para a ERC

Apesar das reservas iniciais ao nome de Carlos Magno, o PS não vai travar a eleição daquele jornalista e comentador político para presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC).

psd e ps entregaram ontem na assembleia da república a lista de nomes para o órgão regulador, depois de dois adiamentos. os sociais-democratas indicaram a antiga deputada luísa roseira e a jornalista raquel alexandra (ex-sic). os socialistas escolheram o ex-secretário de estado arons de carvalho e o jornalista rui gomes (ex-tsf e portal sapo). cada partido indica dois nomes, que são concertados entre as direcções partidárias, pois precisam de uma maioria de dois terços para passar na votação em hemiciclo. são depois estes quatro membros da erc que cooptam o seu presidente.

o nome desejado pelo primeiro-ministro para este cargo é carlos magno, que inclusivamente terá sido convidado pelo próprio passos coelho. magno, de 56 anos, foi um dos fundadores da tsf, trabalhou na antena 1, no expresso e esteve na direcção do dn e da ntv. é natural do distrito de vila real, tal como passos coelho.

o processo de escolha do presidente da erc não agradou ao ps. «a confirmar-se o que veio nos jornais e a notícia de que foi o primeiro-ministro a fazer o convite, digamos que é uma intervenção um pouco excessiva», afirmou ao sol inês de medeiros, vice-presidente da bancada parlamentar socialista.

mas, além da notícia pública do convite, os socialistas receberam também o nome de carlos magno com algum desagrado. «era desejável que o quinto elemento fosse completamente independente», afirmou ao sol um dirigente socialista.

o que está na base da preocupação dos socialistas é o papel determinante que a erc terá na privatização da rtp, a que o ps se opõe. por lei, a erc tem que dar parecer positivo aos moldes da privatização de um órgão de comunicação social.

o governo quer privatizar um canal da rtp neste mandato e nomeou um grupo de trabalho para reformular o serviço público de televisão.

o actual presidente da erc, azeredo lopes, já manifestou em público dúvidas sobre a privatização da rtp pelo efeito que isso terá nos outros dois operadores privados.

azeredo lopes terminou o mandato em fevereiro passado, mas manteve-se em funções, à espera da decisão do parlamento.

quanto ao processo de cooptação de carlos magno para presidente da erc – pelos membros eleitos pelo parlamento –, arons de carvalho referiu ao sol que não teve nenhuma indicação nesse sentido quando recebeu o convite do ps.

mas, ao que o sol apurou, esse compromisso existe entre socialistas e sociais-democratas. o processo tardou, aliás, pela falta de garantias de que o ps aceitaria o nome de magno, o que resultaria num impasse na nova direcção da erc.

 

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