Consumo de refrigerante com alto teor de cafeína preocupa escola em Almada

Um refrigerante com alto teor de cafeína que se tornou moda entre alunos de uma escola em Almada está a preocupar professores e pais e é considerado um «problema de saúde pública” pelos responsáveis de saúde.

a directora da escola básica integrada de vale rosal, na sobreda, ana amaral, deu pelo problema há menos de duas semanas.

«o segurança encontrou latas deste refrigerante no chão da escola e diversos alunos a consumirem a bebida. os efeitos foram mais visíveis entre os alunos de uma turma problemática, que andavam agitadíssimos nas aulas», disse à lusa.

a bebida, «que é, como diz na lata, uma bebida com alto teor de cafeína, e composta por outros estimulantes, é vendida em cafés perto da escola e consumida pelos alunos sem que eles tenham consciência da composição do produto e dos seus efeitos secundários».

o refrigerante vende-se em latas de meio litro, pretas, apelativas no estilo e nos textos: «a bebida mais extreme do planeta. os nossos laboratórios inventaram a fórmula que te proporciona uma dose dupla da nossa secreta poção energética. é simplesmente espectacular e tem duas vezes mais poder que uma bebida energética comum. vai-te atingir com uma potência incomparável mas com um suave sabor para beber», lê-se no rótulo impresso na lata.

de acordo com a embalagem, a bebida tem uma concentração de cafeína de 32mg/100 ml de sumo. ou seja, explicaram à lusa as nutricionistas da delegação de saúde pública de almada, carla marques e filipa carneiro, «níveis de cafeína superiores aos de um café».

na perspectiva das especialistas, «este é um problema de saúde pública»: «acarreta um risco enorme para populações mais jovens não esclarecidas, uma vez que as substâncias mencionadas no produto em causa não têm reconhecido qualquer efeito benéfico para a saúde, além de que todas elas têm efeitos estimulantes e, no seu conjunto, poderão formar um ‘cocktail’ perigoso, principalmente para as idades em questão», disseram.

a professora ana amaral diz que o problema tem sido acompanhado de perto pela escola, que chamou pais, alunos e comerciantes à atenção, mas considera que há mais trabalho de sensibilização a fazer porque ainda há jovens a beber o refrigerante às escondidas.

o aluno josé quaresma, de 14 anos, contou à lusa que provou a bebida «porque toda a gente andava a bebê-la, alunos mais velhos e mais novos»: «aquilo começou a pegar moda. disseram-me que era sumo e que dava energia. provei e gostei», disse.

depois, conta, sentiu-se indisposto. a professora explica que josé é epilético e que toma medicação, o aluno acrescenta que misturou a bebida com outros refrigerantes.

de acordo com as nutricionistas, o consumo deste produto pode causar irritabilidade, náuseas, vómitos, dor abdominal, perturbações no sono, aumento da frequência cardíaca, desidratação, interferir na absorção de nutrientes para o organismo (como é o caso do ferro) e até mesmo reduzir o apetite.

lusa/sol