os portugueses atentos sabem que cavaco mede criteriosamente as palavras. e, analisando o seu discurso, resulta claro ser provável que o país precise de mais ajuda. porquê? porque o que poderia evitar um novo pacote de auxílio – o crescimento económico – não será alcançado tão cedo. não vamos crescer em 2012 (o pib pode recuar até 2,5%); nem em 2013 (vítor gaspar disse publicamente que o país crescerá em 2013, mas tal não passa de um wishfull thinking do ministro das finanças). acresce que, caindo a grécia (algo provável), portugal será arrastado para o ‘buraco negro’ que vai crescer na união europeia. e, ainda, é possível que surjam mais ‘buracos’, não na madeira, mas no continente (as autarquias podem trazer surpresas).
basicamente, o destino não está nas nossas mãos. temos que trabalhar mais e melhor, sim, mas a austeridade não vai abrandar. temos que ser mais produtivos, procurando um país melhor, mas para os nossos filhos, daqui a 10 ou 15 anos. no curto prazo, não há boas notícias. e 2012 será dos piores anos das nossas vidas. esqueçamos já os subsídios de férias e natal. de resto, há uma máxima que bem podemos interiorizar: há vida para além do consumo. e, se calhar, podemos ficar mais ‘ricos’ aprendendo a ser felizes com menos.
ricardo.d.lopes@sol.pt