responsabilidade
o perigo de conduzir a falar ao telemóvel
já aqui escrevi sobre a praga que representa conduzir a falar ao telemóvel. cada vez se vê mais. é um tema que parece de menor relevo, mas que é muito importante pois tem a ver com a protecção da vida humana.
é cada vez mais frequente encontrar pessoas completamente distraídas ao volante falando ao telemóvel – e o mais perigoso é quando estão a olhar para baixo, certamente a marcar um número ou a ler uma mensagem…
já deve ter acontecido a todos ver um carro dar uma ‘guinada’, às vezes na nossa direcção. ou então ir muito devagar, sem ter ninguém à frente. ou ainda continuar parado num semáforo depois de abrir o verde.
quando, há dez anos, foram introduzidas no código da estrada sanções fortemente penalizadoras desta situação, houve um tempo em que as pessoas se retraíram e moderaram muito esse impulso.
quantas vezes não nos aconteceu estarmos a falar com alguém e o nosso interlocutor dizer: «está ali a polícia. tenho de desligar»? e, aí, percebia-se que a pessoa estava ao telemóvel…
por razões familiares, tenho passado muito tempo nas duas últimas semanas à porta ou dentro dos cuidados intensivos de um hospital. e tenho presenciado as tragédias que os acidentes, nas cidades e nas estradas, continuam a provocar.
sou de opinião que a sanção para este tipo de comportamento deve ser muito agravada. tem de existir um processo de consciencialização colectiva nesta matéria.
quem tiver urgência em fazer ou atender uma chamada, em enviar ou receber uma mensagem, espere até poder parar o carro em segurança.
falar, escrever ou ler em andamento é perigosíssimo e coloca em risco a vida de outros.
austeridade
jardim ganhou, mas nada vai ser igual
constitui um grande desafio para alberto joão jardim governar em condições de austeridade. é, sem dúvida, muito desagradável, após 30 anos de expansão e desenvolvimento, assumir agora a responsabilidade por um ciclo de grandes dificuldades. mas essa é a exigência que se coloca a quem tem sentido de estado.
os resultados eleitorais acabaram por ser normais. no auge do cerco feito à madeira pela maioria liderada por josé sócrates, jardim teve 63%; agora, quando se multiplicaram situações complicadas para o seu governo, o resultado baixou para 48%.
os votos que ‘fugiram’ do psd terão ido para a abstenção e para o cds/pp. é o sinal de uma hipotética alternativa que se começa a forjar. é bom lembrar que o cds parece ter resolvida a sua liderança na madeira. em contrapartida, o psd, se jardim não se recandidatar – como parece óbvio –, vai ter de resolver esse assunto, com previsível agitação interna.
o ps também desceu, mas a sua maior descida foi nas eleições de 2007: de 27% para 16%… foi no tempo da tal luta aberta de josé sócrates com a madeira.
por isso mesmo, não faz qualquer sentido culpabilizar antónio josé seguro e a sua liderança pelo resultado de domingo passado.
sentido não faz, também, muito do que se ouve nestas campanhas que recorrem a tudo para atingir alguém. por exemplo: carrinhas de juntas de freguesia a levarem pessoas às assembleias de voto? mas isso acontece em todas as eleições! é mesmo obrigação ajudar as pessoas que tenham dificuldades a exercer o seu direito de voto. só por desconhecimento se fala destes factos como se fossem uma heresia.
mesmo assim, alberto joão jardim e o psd/madeira, nas condições complicadas que se conhecem, conseguiu mais uma maioria absoluta de deputados.
logo após as eleições, jardim disse que vai de novo governar sozinho. pode ser. mas só isso vai ser igual. no mais, tudo será diferente.
possibilidade
césar mostra falta de confiança
quer carlos césar queira quer não, a sua atitude de não se recandidatar a um novo mandato, logo após as eleições na madeira, deu ideia de falta de confiança nas suas possibilidades de vencer as próximas legislativas nos açores.
a situação política e económica naquela região nunca foi muito debatida ao longo destes anos. agora, com todo o processo negocial para a recuperação da madeira, é óbvio que as questões da autonomia regional vão ser ponderadas, equacionadas, questionadas.
saber se os açores também necessitam de ajuda, confirmar se as diferenças de impostos, taxas, preços e serviços são ou não justificáveis, tudo isso vai ser trazido à colação. em primeiro lugar, pelo próprio alberto joão jardim.
carlos césar não se quer submeter a nada disso. com a excepção da polémica do estatuto dos açores, tem evitado trazer a sua governação para o palco político nacional.
césar sabe que, nas próximas eleições, vai ter como challenger berta cabral, a popular presidente da câmara de ponta delgada.
há uma norma, no estatuto político-administrativo da região, que proíbe terceiro mandato consecutivo. acontece que essa norma só entrou em vigor há alguns anos, já carlos césar estava no quarto mandato. por isso, embora pudesse legalmente recandidatar-se, césar na prática já iria para um quinto mandato governativo.
por ironia do destino, jardim, com os factos que são conhecidos, e césar, com a atitude que anunciou, terão desencadeado o processo de revisão do regime autonómico, pelo qual tanto lutaram.
césar enviou uma mensagem surpreendentemente simpática a alberto joão jardim no dia seguinte às eleições. ao fim e ao cabo, também sentirá que o seu homólogo da madeira foi mais uma vez à luta e em condições bem adversas, numa atitude bem diferente da sua.
pelo menos, é esta a minha convicção.
p.s. – escrevi na passada semana que seria inconcebível o ps votar conta o orçamento de 2012. ainda bem que seguro avaliou bem o que exige o interesse nacional.