Oportunismo

Faltam quatro dias para a Fox estrear a segunda temporada de Walking Dead, aquela magnífica série de credo na boca que mete zombies e gente que tenta desesperadamente não se transformar em zombies.

e que foi um sucesso tão grande na modesta primeira temporada de seis episódios que inchou agora para uma segunda de 13, podendo explorar em versão alargada a adaptação da banda desenhada homónima. a versão televisiva foi desenvolvida por frank darabont, o realizador de os condenados de shawshank – nomeado para sete óscares em 1995; foi totalmente cilindrado por forrest gump.

provavelmente estimulado pela redescoberta do filão pós-apocalíptico, mas agora servido às fatias de 40 minutos no pequeno ecrã, steven spielberg associou-se como produtor a falling skies (syfy). falling skies é, não há como evitá-lo, uma espécie de walking dead que simplesmente troca os zombies por alienígenas hostis, embora sem o nervo do modelo que decidiu seguir. mas a colagem é de tal forma flagrante que as reacções têm sido de uma absoluta falta de condescendência e, por vezes, têm transformado em violentas invectivas dirigidas contra spielberg, mais argumentistas e realizador. há quem apele inclusivamente ao boicote a todo e qualquer produto destes senhores, acusando-os de plágio vergonhoso.

a distância de segurança entre as duas propostas é, efectivamente, quase nula. e num panorama televisivo em que as sitcoms se dividem entre as que se centram na família e as que preferem os amigos, em que as séries dramáticas investem pelas investigações policiais ou se socorrem do paranormal, é ridículo que uma categoria tão fecunda como esta redunde em duas séries em tudo coincidentes. como se o estatuto de spielberg fosse condição suficiente para legitimar qualquer programa. não é.