Papandreou disponível para governo de coligação, mas sem demissão nem referendo

O futuro político da Grécia está envolto num cenário de confusão. Após os rumores que avançavam com a demissão de George Papandreou, os últimos relatos vindo de Atenas revelam que o primeiro-ministro reconheceu que não consegue «aguentar» o referendo e está disponível para formar um governo de coligação.

afinal, a grécia poderá não realizar qualquer referendo. o the guardian cita uma correspondente localizada na capital grega para adiantar que papandreou estará disponível para alcançar um acordo que conduza à formação de um governo de coligação nacional.

o primeiro-ministro helénico terá reconhecido, durante a reunião de urgência com o seu executivo, que o referendo ao mais recente pacote de ajuda externa é inexequível, pois uma saída da zona euro colocaria em perigo o futuro do país.

a abertura de papandreou para as negociações com vista à formação de um governo de coligação foi confirmada por yiannis michelakis, porta-voz do pasok socialista, ao revelar que o primeiro-ministro deu ordens para o início das negociações com o nd, principal partido da oposição.

michelakis terá advertido, contudo, que a ser formado, o governo seria de cariz transitório e com um objectivo prioritário: ratificar o acordo da dívida grega e o recente pacote de ajuda externa acordado pela cimeira da ue e da zona euro. uma vez concretizado esse objectivo, seriam depois realizadas eleições antecipadas na grécia.

mas a confusão continua a reinar. antonis samaras, líder do nd, mostrou-se disponível para uma coligação com o partido do governo, mas a bbc acrescenta que fontes do partido revelaram que o nd só aceitaria um acordo para uma coligação sob uma condição: a demissão de papandreou.

à margem dos rumores, que ainda aguardam por confirmação, um membro veterano do pasok abordou a relevância das mais recentes ‘novidades’ que têm sido avançadas. kostas yeitonas defendeu que «papandreou deu um grande passo atrás ao dizer que não vai realizar o referendo».

yeitonas realçou ainda o facto de antonis samaras ter concordado em apoiar o pacote de resgate europeu, ele que sempre foi a principal voz crítica à ajuda externa na grécia, algo que é considerado «muito bom para o parlamento [e o pasok]».

qualquer que seja o desfecho, a política grega está a afundar-se num clima de instabilidade espoletado na terça-feira pelo anúncio do referendo de george papandreou.

à instabilidade interna junta-se a incerteza que reina nos mercados financeiros quanto à saída da grécia da zona euro, algo que terá estado no centro do debate da cimeira do g20, que hoje teve início em cannes, no sul de frança.

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