O veículo da pele

Apenas um a dez por cento da quantidade de um cosmético aplicado na pele penetra nos poros. «A pele é desenhada para não deixar entrar nada», disse Tom Mammone, director executivo do departamento de investigação da Clinique, num encontro com a imprensa a propósito do 20.º Congresso da Academia Europeia de Dermatologia, que ocorreu em…

o especialista em biologia molecular e celular defendeu que, na indústria dos produtos de beleza, o mais importante nem são os ingredientes de um hidratante ou de uma loção de corpo, «mas como esses componentes funcionam numa determinada fórmula».

são aliás as fórmulas que determinam a quantidade de produto que entra na pele e, por esta razão, o maior desafio das marcas é «aumentar essa percentagem através de um veículo mais eficaz», como explicou debbie d’aquino, vice-presidente do departamento de desenvolvimento de produto da clinique. «às vezes não falamos da última descoberta em termos de ingredientes, mas do modo como uma fórmula vai actuar na pele. pode ser um sérum, pode ser um creme ou um gel. tudo depende do que queremos alcançar».

patricia pineau, directora de comunicação científica da l’oréal, resume o tema a uma palavra: informação. segundo a investigadora, sendo a função da pele eliminar e não absorver, o objectivo de um cosmético é conseguir passar informação «para a derme agir».

num encontro com o sol, a propósito da inauguração do centro de avaliação da segurança e eficácia dos cosméticos l’oréal, em lyon, pineau explicou que a aplicação de um creme faz que «as células receptoras sintetizem enzimas» e outras substâncias disponíveis para melhorar um problema cutâneo.

é por esta razão que muitas pessoas reagem aos cosméticos: «as células recebem uma informação, dão o alerta e a pele reage de forma alérgica».

para evitar situações como esta, sara fernandes, especialista no tratamento natural da pele, recomenda o uso de produtos de origem biológica, que «respeitam a camada superficial da pele, protegem-na e hidratam-na». pelo contrário, os ingredientes sintéticos, como os parabenos, «são muitas vezes agressivos e permeáveis, podendo acumular-se nas células adiposas», defende.

nutricionista de formação, sara fernandes ressalva que é possível «melhorar a aparência da pele de dentro para fora através das escolhas alimentares». o conselho é aumentar o consumo de fibras, de antioxidantes, de proteínas de origem vegetal e de gorduras essências, como os ómega 3.

como em tudo na vida, o exercício físico também é essencial: «melhora a irrigação cutânea e favorece a eliminação de toxinas».

francisca.seabra@sol.pt