A ascensão das megacidades [com vídeo

Se, na semana passada passámos a ser 7 mil milhões de almas a habitar o planeta, em 2008, e pela primeira vez na história humana, o número de pessoas a habitar em cidades ultrapassou o de pessoas que vivem no campo.

jacarta, lagos, são paulo e outros centros populacionais massivos estão a mudar a forma como vemos as cidades.

em 1975 a national geographic apontava a existência de apenas três megacidades. nova iorque, a capital comercial e maior centro económico do mudo. cidade do méxico, encarada como símbolo da pobreza e degradação do mundo em desenvolvimento, onde as pessoas vivem em favelas, lado a lado com a violência, poluição e degradação. e tóquio, uma cidade cuja população explodiu depois da guerra e onde as condições de vida são semelhantes às do ocidente, uma nova iorque asiática.

35 anos depois, a estas megacidades juntaram-se pelo menos mais 20. uma na europa (londres), três em áfrica (kinshasa, lagos e o cairo), cinco nas américas (são paulo, cidade do méxico, nova iorque, los angeles e buenos aires) e onze na ásia (tóquio, xangai, pequim, deli, calcutá e dhaka).

não é fácil comparar as megacidades. se algumas são planeadas, verticais e brilhantes como xangai com os seus 91 arranha-céus de mais de 200 metros de altura, noutras como mumbai, a ‘cidade máxima’ da índia, quatro milhões vivem acumulados em espaços minúsculos como é o caso da favela (‘slum’) de dharavi.

mumbai não tem metro, apesar de ter sido construído. o comboio transporta o equivalente a toda a população de israel (7,5 milhões de pessoas) todos os dias e é tão perigoso que centenas de pessoas são mortas todos os anos. no entanto, e apesar da falta de planeamento, a cidade funciona.

como é obvio este movimento em direcção à cidade acarreta muitas consequências, sendo as mais visíveis aquelas que se referem ao ambiente. um habitante da classe média de xangai consome mais recursos e produz mais gases de efeito estufa do que um agricultor da província de anhui.

por outro lado, as cidades são a realização máxima do esforço humano. densamente povoadas, as cidades são criativas, emocionantes e ambientalmente menos destrutivas do que muitos subúrbios norte-americanos, onde forçosamente todos os habitantes se deslocam de carro.

quer se goste ou não, deixou de ser possível manter os seres humanos no mundo rural. de acordo com financial times, em 2050 três quartos da população mundial será urbana, o que significa que as megacidades que já existem se vão expandir e outras novas hão-de surgir.

de acordo com david d’heilly, que está a escrever sobre tóquio enquanto megacidade, «as megacidades vão ser o futuro da humanidade e essa perspectiva não tem que ser aterradora». exemplos de cidades como tóquio, seoul e xangai demonstram que as megacidades não têm de ser monstruosas, mas são necessários autonomia e planeamento.

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