a ressaca da ameaça do referendo na grécia está abalar a itália. com os juros a atingirem máximos históricos – a par de portugal -, e a dívida externa a crescer, as dúvidas em torno do possível colapso financeiro italiano estão a inquietar o país e a europa.
o tão falado efeito dominó da crise começa-se a fazer sentir. com portugal e irlanda já sob a esfera da ajuda externa e com a grécia presa por um fio, agora tanto economica como politicamente, a zona euro centra as suas atenções em itália.
tudo porque a terceira maior economia da europa viu a sua dívida externa escalar até aos 1,9 biliões de euros, o equivalente a cerca de 120% do seu pib. e a dimensão da sua dívida seria impossível de ser resgatada por qualquer ‘troika’ europeia, e um colapso financeiro de itália colocaria em sério risco a sobrevivência da zona euro.
nos últimos dias, o executivo liderado por silvio berlusconi enfrentou pressões acrescidas por parte dos líderes europeus para aprovar e implementar um plano que lute para tirar o país do buraco no qual está a mergulhar. tanto a ue como a zona euro apelam à introdução de medidas que estimulem o crescimento e cortem na dívida do estado – leia-se, austeridade -, e que coloquem o país na rota da recuperação económica. mas poderá ser tarde demais.
além das dificuldades económicas, a instabilidade política está a crescer. silvio berlusconi, enfrenta uma maior contestação interna a cada dia que passa, com rumores a apontarem para a sua demissão ou para um eventual voto de confiança no parlamento italiano – à semelhança do que se passou com george papandreou em atenas.
o líder do executivo italiano foi até obrigado a desmentir a demissão na sua página de facebook, onde considerou os rumores de «infundados». mas os relatos que chegam de roma são distintos. o diário il foglio aponta que «está claro que berlusconi vai ceder o seu lugar» e que a sua demissão «está por horas».
as notícias da iminente demissão do primeiro-ministro surgem acompanhadas por relatos de instabilidade no parlamento italiano. a cnn escreveu esta segunda-feira que vários deputados da coligação que apoia berlusconi, a liga norte, entraram em confronto com representantes do fli, principal partido da oposição.