e o homem que saiu da sic com a reputação esfrangalhada (depois de episódios menos dignos num bar da tv comprado para combater o fenómeno big brother) regressou timidamente com as suas produções ao pequeno ecrã. hoje, claro, ser-lhe-á impossível revolucionar a televisão da mesma forma que fez nos anos 90, graças a programas como big show sic e buereré. por uma razão simples – essa linha de programação deu o tiro de partida para o vale tudo que se seguiu e actualmente encontra expoente máximo no programa da tvi que o povo já rebaptizou como ‘casa do degredo’.
há um par de meses, anunciando o seu regresso à televisão, ediberto lima continuava a revelar orgulho em ter descoberto duas fórmulas infalíveis para escalar nas audiências: um macaco de peluche chamado adriano que destronou herman josé no horário nobre e uma apresentadora para o público infantil chamada ana malhoa cujo objectivo era, segundo lima, o de colocar os pais das crianças (junto dos filhos) a babar com uma miúda em roupas microscópicas. em retrospectiva, não custa perceber que aqui consumou-se a queda livre para a qualidade da televisão em portugal.
mas no seu reaparecimento, ediberto lima fez igualmente questão de dizer que já tinha pensado antes no formato satírico de um reality show que deu à rtp um dos seus melhores programas dos últimos anos: último a sair. por um segundo, imagine-se o resultado que teria tal programa nas suas mãos. ou, em alternativa, espreite-se rosa choque, o programa da rtv que parodia as rubricas cor-de-rosa e de crítica ‘social’ numa verborreica boçalidade, num exercício de péssimo gosto. felizmente, isto já não é horário nobre, nem em sinal aberto. valha-nos isso.