dona antónia adelaide ferreira (1811-1896), carinhosamente apelidada pelos seus conterrâneos de ferreirinha, foi, acima de tudo, exemplo de tenacidade no combate ao drama e à miséria que se abateram sobre a região do douro, em consequência da praga da filoxera que mandou para a ruína muitos agricultores. investindo na investigação para combater a doença das vinhas, em novas plantações e em aquisições de terras e vinhos a proprietários descapitalizados, dona antónia ficou também conhecida como ‘a mãe dos pobres’. a sua morte, em 26 de março de 1896, culminou em 85 anos de uma vida intensa, sendo que a data do seu nascimento não podia passar despercebida à sogrape e à casa ferreirinha.
a excelente qualidade das uvas da vindima de 2008, nalgumas quintas da sogrape, abriu o melhor cenário para a merecida homenagem da comemoração dos 200 anos de dona antónia. luís sottomayor, líder da equipa de enólogos da casa ferreirinha, traz até nós este aaf – antónia adelaide ferreira doc 2008, um tinto de cor rubi, em que sobressaem notas florais, pimenta, cravinho e frutos vermelhos bem maduros. apresenta uma madeira de grande qualidade, fruto do seu longo estágio (dois anos) em barricas de carvalho novo francês. na boca apresenta uma grande estrutura e tem um final longo e intenso. «penso que estamos perante um vinho que honra a casa ferreirinha e a região do douro, com grande capacidade de evolução na garrafa durante muitos anos», sustenta luís sottomayor.
com um teor alcoólico de 14,43% prevê-se que vá atingir o seu apogeu entre o 5.º e o 10.º anos, mas pode arriscar até aos 20 anos sem perder qualidades.l
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