de acordo com um diplomata de um país europeu com poder de veto no conselho de segurança, a resolução está ainda a ser negociada, mas o objectivo é «condenar a síria pela repressão, apelar às autoridades para implementar o plano da liga árabe e as resoluções do alto comissariado de direitos humanos» da onu.
«tem um alto valor político. se a resolução for aprovada será por 193 estados, com provável patrocínio dos estados árabes», adiantou a mesma fonte.
a votação sobre a síria deverá acontecer na próxima segunda feira, referiu o mesmo diplomata.
as resoluções da assembleia geral não têm carácter obrigatório, como as do conselho de segurança, mas são vistas como instrumentos importantes de pressão diplomática.
o recurso ao plenário da onu foi visto como alternativa ao actual bloqueio no conselho de segurança, onde há pouco mais de um mês a rússia e a china vetaram uma resolução apresentada pelos países europeus.
apresentada por portugal, frança, reino unido e alemanha, a resolução condenava a violência na síria e abria caminho a sanções contra o regime.
foi a primeira a ser votada sobre o conflito na síria, após três meses de negociações e intensos contactos diplomáticos ao longo dos últimos dias para tentar encontrar uma posição de consenso dentro do conselho de segurança.
o embaixador russo na onu, vitaly churkin, afirmou que a resolução se baseava numa «filosofia de confrontação» e disse então que o caminho para a «resolução pacífica da crise» deve ser «o diálogo sírio», em vez de «ultimatos» contra o regime.
os países europeus reagiram de forma dura, acusando russos e chineses de promoverem o falhanço do conselho de segurança na protecção de civis e manutenção da paz.
moraes cabral, embaixador de portugal na onu, que preside ao conselho de segurança este mês, disse à lusa quarta feira que não está a ser trabalhada nova resolução, e que tal acontecerá em função dos resultados dos contactos ao nível da liga árabe.
sobre o apoio de portugal a uma condenação pelo conselho de segurança, o diplomata reserva-o para já, afirmando que será decidido «se houver um texto» e em função da sua «eficácia e credibilidade».
sobre alguma flexibilização de russos e chineses para deixar passar uma resolução contra o regime de damasco, o diplomata afirma que não tem havido discussões internas sobre o tema e que a julgar pelas declarações públicas da liderança destes países «não houve de facto ainda grande evolução».
de acordo com outro diplomata, de uma potência europeia, o conselho continua a ser uma «possibilidade», mas a oposição torna «difícil» uma tomada de posição.
«não houve grande evolução [na posição russa] desde o veto. vamos continuar o trabalho de discussão com eles. estamos dispostos a incluir garantias, levar em conta os ponto de vista dos russos», adiantou.
«não é possível o conselho ficar em claro. esperamos que eles se juntem à nossa voz, ou pelo menos não vetem. estamos numa óptica de protecção de civis, não de mudança de regime», sublinhou.
a resistência russa prende-se ainda com a forma como considera que foi usurpado pela nato o mandato de «protecção de civis» na líbia concedido pelo conselho de segurança, para derrubar muammar kadhaffi visando alvos militares.
na quarta-feira, a liga árabe deu à síria um novo prazo de três dias para por termo à repressão, ameaçando com sanções económicas ao regime de damasco.