palco de alguns casos de insultos racistas entre jogadores nas últimas semanas, o reino unido não demorou a insurgir-se contra as declarações de joseph blatter. em entrevista à cnn, o presidente da fifa defendeu não existir racismo no futebol, chegando mesmo a sugerir que a troca de gestos e palavras dentro de campo se possam resolver com um simples «aperto de mão».
a visão de blatter espalhou a indignação, e rio ferdinand, capitão do manchester united, foi dos primeiros a torná-la pública. na sua conta de twitter, o defesa inglês questionou directamente o líder da fifa: «os seus comentários sobre racismo são tão condescendentes que quase fazem rir. se os adeptos gritarem cânticos racistas mas dermos um aperto de mão no fim, está tudo bem?».
rio ferdinand viu nas últimas semanas o seu irmão, anton, ser envolvido num caso de insultos racistas que lhe terão sido dirigidos por john terry, defesa do chelsea e seu companheiro no eixo defensivo da selecção inglesa.
mas as críticas do capitão ‘red devil’ não cessaram por aqui. a publicação, no site da fifa, de uma fotografia de blatter com um ministro sul-africano, tokyo sexwale, fez prolongar a revolta de ferdinand. «a fifa tenta limpar as declarações de blatter com uma imagem sua a posar com um homem negro», disse, novamente no seu twitter.
e foi aí que blatter reagiu. a troca de palavras começou com o presidente da fifa a retorquir também na conta de possui na rede social. «o ‘homem negro’ como é chamado tem um nome: tokyo sexwale, e fez um tremendo trabalho contra o racismo e apartheid em áfrica», respondeu, assim, o suíço.
líderes do desporto britânico insurgem-se
a guerra de palavras que blatter motivou com rio ferdinand ganhou relevância com as paralelas declarações dos dois responsáveis máximos pelo desporto britânico. hugh robertson, ministro do desporto no reino unido e gordon taylor, presidente da associação profissional de futebol, uniram vozes para exigir a demissão de blatter.
à bbc, o titular da pasta do desporto britânico considerou «moralmente indefensáveis» e «completamente erradas» as declarações do líder da fifa, ao lembrar que o racismo «é um crime [no reino unido] e quem for apanhado nessa prática vai enfrentar sanções».
na mesma linha, gordo taylor considerou ao daily telegraph ser «embaraçosa» a visão de blatter que, como o presidente da fifa, «devia ser ‘a’ pessoa que percebe o tema do racismo», ao sublinhar que o organismo «reúne 200 países em todo o mundo, sendo tão diverso devido às diferente culturas, crenças e cores».
e assim, menos de 24 horas depois de publicada a entrevista com as declarações de joseph blatter, o presidente da fifa pode esperar o intensificar da polémica, em mais uma prova de fogo à sua permanência no organismo. recorde-se que, no passado, o suíço já enfrentou acusações de corrupção e comparou a transferência de cristiano ronaldo para o real madrid à escravatura.
apenas alguns exemplos da excentricidade das palavras que blatter tem oferecido ao mundo do futebol.
