acusado pelo tpi de crimes de guerra e contra a humanidade e alvo de um mandado de captura internacional, saif al-islam está no centro de uma disputa entre a maior instância judicial internacional e o conselho nacional de transição (cnt) líbio que, na ressaca da resolução, ainda não ergueu um sistema judicial no país após a queda do regime de kadhafi.
o cnt tem avançado que está a ultimar as conversações internas para definir os tribunais onde irá julgar saif al-islam, que era encarado como o braço direito de kadhafi e o seu eventual sucessor.
o impasse do cnt motivou o tpi a enviar uma comitiva, liderada por luis moreno-ocampo, para intermediar as conversações e garantir a presença de juízos internacionais no processo de julgamento do recém-detido filho de muammar kadhafi.
o ministro interino da justiça, mohammed al-allagui, voltou a frisar a posição líbia aquando da chegada da comitiva do tpi. citado pela bbc, o titular da pasta que se mantém inexequível sublinhou: «não vamos entregá-lo [saif al-islam]». a posição vincada por al-allagui representa a vontade do povo líbio, que tem exigido que a justiça seja feita no próprio país.
antes de partir para a líbia, moreno-ocampo quis sublinhar que a comitiva «destina-se a assegurar a cooperação», lembrando ao the guardian que «o tpi age quando o sistema nacional não consegue agir». o problema, portanto, está na morosidade do cnt em estabelecer um sistema judicial que permite dar início ao julgamento.
o dirigente do tpi salvaguardou, contudo, que juízes internacionais terão que estar envolvidos no julgamento, evocando o mandado de captura a saif al-islam emitido pelo tribunal de haia, em maio, numa altura em que o conflito na líbia estava longe de terminar.
entre as incertezas que rodeiam o julgamento do outrora herdeiro de kadhafi, têm surgido relatos a sugerir que o primeiro-ministro interino do cnt, abdurrahim al-keib, deverá apontar um novo executivo formado quase na totalidade por figuras da classe secular do país, afastando membros das facções islamistas da líbia.
