as assembleias de voto abriram às 8h horas locais (mesma hora em lisboa) e vão encerrar às 19h, sendo os resultados provisórios conhecidos poucas horas mais tarde, com o anúncio dos resultados finais previsto para sábado.
a votação na assembleia de voto n.º 47 começou com poucas pessoas. passada uma hora, sé cerca de 60 pessoas tinham ido votar às quatro salas de voto na escola yacoub el mansour, no centro de rabat.
«o ritmo tem sido lento», disse à lusa uma observadora americana no instituto nacional para a democracia.
«as pessoas votam sobretudo à tarde, antes de irem à mesquita», antes do pôr do sol desta sexta-feira, dia santo muçulmano, disse à lusa mohammad chahbi, que preside à assembleia de voto n.º 47.
lá dentro, as salas de aula transformaram-se em local de urna. nas secretárias, todas puxadas para um canto para dar espaço ao balcão de voto, os alunos deram lugar ao responsáveis pela mesa de voto, a bandeira de marrocos e o foto do rei colados no quadro.
no entanto, de manhã, ainda eram mais os responsáveis eleitorais que os eleitores, apesar do cartaz, à porta da escola, que apelava à participação, que será o barómetro para aferir se os marroquinos acreditam mesmo nas reformas que o rei mohamed vi apresentou.
estas são as segundas eleições no norte de áfrica desde o início da primavera árabe, as revoltas pró-democracia que varreram este ano o norte de áfrica e o golfo pérsico.
em marrocos, o principal confronto eleitoral entre os islamistas moderados do partido da justiça e desenvolvimento (pjd) – actualmente o maior partido da oposição – e a coligação para a democracia, de oito partidos pró-monarquia, dois dos quais actualmente no poder.
no total são 31 partidos a competir por 395 lugares na câmara baixa do parlamento, mais 70 do que nas anteriores eleições, em 2007, quando só votaram 37 por cento dos eleitores registados, uma vez que a maioria dos marroquinos não tinha esperança que as eleições mudassem alguma coisa, então, num sistema político que muitos vêem ainda como dominado pelo palácio real.
frente ao retrato do rei, que acolhe os eleitores no pátio da escola yacoub el mansour, de fato de treino e abraços expansivos a amigos, elamar benaissa, 61 ano, admite que foi dos que não votou em 2007, «porque eram sempre as mesmas caras» mas, questionado se tem esperança nas reformas que o rei apresentou, diz um sim inequívoco, enquanto a mulher abana a cabeça com veemência.
«desta vez vim votar, para mudar o ritmo de marrocos e para ver outras pessoas no poder», afirma.
a lei marroquina não permite sondagens nas duas semanas antes das eleições, mas a maioria dos analistas espera uma vitória do pjd. pela primeira vez, graças à nova constituição, o rei terá de nomear como primeiro-ministro uma personalidade do partido mais votado.
alguns dos eleitores que hoje foram votar criticaram também os apelos ao boicote às eleições feitos pelo movimento 20 de fevereiro, que reúne activistas de esquerda, sindicalistas, estudantes, independentes e radicais islâmicos e que exige reformas políticas mais profundas.
«é preciso aceitar a liberdade de expressão, mesmo que seja para defender o boicote, mas eu acho que é importante dar a opinião no seio das instituições», disse à lusa najin el hatmi, um professor universitário de 54 anos, que foi votar antes de ir para a universidade.
o movimento do 20 de fevereiro considera que estas eleições são apenas uma operação cosmética para dar legitimidade ao regime perante o ocidente, e diz que a nova constituição não chega para considerar marrocos um país democrático, mas nadja kehani, gestora numa operadora telefónica, não podia discordar mais.
«sempre votei, para ver a mudança acontecer. desta vez voto para me inscrever na mudança democrática em marrocos e para dar ao meu partido a hipótese de ir para o governo e aplicar as suas políticas, porque acredito no meu país, senão já tina emigrado», afirma.
«o apelo do movimento 20 de fevereiro é um erro. não os devemos seguir. devemos sempre votar e exprimir-nos, mesmo que seja um voto em branco», conclui.
lusa/sol