Mais de 100 agências de viagens já fecharam

O turismo é um dos sectores que melhor tem resistido à crise, mas o negócio das agências de viagens está a sofrer os efeitos da conjuntura económica adversa. Desde o início do ano, já fecharam «mais de 100», diz o presidente da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo (APAVT).

«não é nada que não esperássemos, num ano com um enquadramento económico tão grave», admite joão passos. e, ainda que ressalve, sem contabilizar, que também houve aberturas, afirma que 2011 «tem sido extremamente difícil».

no turismo de portugal, responsável pelo licenciamento, existem 976 empresas registadas no sector das agências de viagens, que deverão totalizar cerca de 1.200 balcões, de acordo com a apavt. segundo fonte do instituto, «em 2011 foram revogadas 46 licenças, atribuídos seis alvarás e registaram-se cerca de 50 novas agências ao abrigo da nova legislação», números que comparam com 53 revogações e 45 atribuições de alvará em 2010.

joão passos, considera, no entanto, que a perda de emprego no sector – que representa cerca de 10.200 postos de trabalho em portugal, segundo o ine – «não é significativa». sem detalhar, salienta ainda que há ajustes em empresas de maiores dimensões.

«as expectativas até ao final do ano não são as mais optimistas, devido a todo o enquadramento económico. prevejo uma baixa significativa do turismo de outgoing [saída de turistas de portugal para o estrangeiro]» continua o presidente da apavt, em entrevista ao sol. no segmento de lazer, a quebra deverá ter reflexos de 15 a 20%, «se não for mais», no negócio das agências de viagens.

já nas agências especializadas em receber turistas, vive-se um 2011 «de alguma recuperação», graças à inglaterra, alemanha, frança e brasil. «as viagens de negócios têm-se aguentado, com quebras muito pequenas», sublinha ainda.

congresso em viseu

em 2012, o responsável da associação mantém que também deverá ser «extremamente difícil, porque será sobretudo no próximo ano que vão sentir-se todas as medidas de austeridade que foram implementadas». e diz mesmo que «não será uma surpresa» se o ritmo de fechos de agências se agravar.

para já, quanto ao período de natal e fim de ano, joão passos diz que a procura «está muito fraca».

a poucos dias do 37.º congresso nacional dos agentes de viagens, que começa quinta-feira, em viseu, o sector aguarda a reapreciação da lei das agências de viagens – revista pelo ex-governo socialista e em vigor desde maio – cujas alterações não agradam ao sector.

a criação de um fundo de garantia para o qual todas as agências e operadores turísticos terão de contribuir financeiramente, e que compensará os clientes em caso de incumprimento de algum agente, é o aspecto «mais penalizante». e segundo a associação, até agora, aderiram cerca de 50 empresas, das mais de 900 registadas.

prometendo apresentar propostas concretas que «defendem interesses dos consumidores e os interesses das agências de viagens e empresas», este deverá ser um dos temas focados no encontro, que contará com o ministro dos assuntos parlamentares, miguel relvas, e da economia, álvaro santos pereira, e da secretária de estado do turismo, cecília meireles.

ana.serafim@sol.pt