Greve ao bom senso

O país, ou pelo menos boa parte da sua componente estatal, parou ontem, dia de greve geral. Em Lisboa, um grupo de manifestantes (grevistas?) decidiu brindar o edifício do Ministério das Finanças com cocktails Molotov.

sensivelmente à mesma hora, meia dúzia de jovens vestindo coletes encarnados com ‘cartazes’ a apelar à greve gravados nas costas bebiam alegremente imperiais numa tasca próxima do martim moniz. horas antes, madrugada ainda, piquetes de greve tentavam impedir autocarros da carris de saírem das oficinas da musgueira, obrigando à intervenção da polícia de choque. ao fim do dia, manifestantes (grevistas?) envolviam-se em confrontos com a polícia junto ao parlamento. é costume dizer-se que não há circo sem palhaços. infelizmente, constata-se quase sempre que também não há greve sem conflitos. o direito à greve não pode ser posto em causa, mas dificilmente é aceitável que possa ser questionado o direito a não fazer greve. é lamentável que haja ainda tanta gente que não entende este princípio básico.

entretanto, em dia de greve geral, a fitch baixa o rating de portugal para o nível ‘lixo’. justificação: dificilmente o governo poderá evitar mais austeridade em 2012. tendo esta perspectiva como pano de fundo – ainda que a agência de notação não tenha dito nada que não tenha já sido referido por inúmeros economistas e políticos –, teme-se o pior nos tempos que se avizinham. os portugueses – e não apenas os funcionários públicos – não devem baixar os braços na ‘luta’ por um futuro melhor. mas é preciso que o bom senso prevaleça. sem isso não vamos a lado nenhum.

ricardo.d.lopes@sol.pt