este facto é um dos principais quebra-cabeças do novo executivo. em entrevista ao sol, publicada há duas semanas, o secretário de estado dos transportes, sérgio silva monteiro, admitiu que a reestruturação das empresas não irá conter a subida do endividamento, que aumentará três mil milhões de euros até 2015, chegando a 20 mil milhões. medidas como o corte no número de trabalhadores e a redução da oferta terão apenas impacto em um terço dos problemas das empresas, ou seja, no seu défice operacional.
os encargos com os juros da dívida estão a degradar, de forma galopante, o equilíbrio orçamental das transportadoras. «o custo com o serviço da dívida é exorbitante perante a realidade da empresa», disse o presidente da cp, josé benoliel, à revista do grupo. a cp já paga mais em juros da dívida (160 milhões) do que em salários (122 milhões), incluindo encargos com a segurança social. no limite, mesmo que fossem despedidos todos os trabalhadores, a cp continuaria a registar prejuízos.
apesar destas empresas terem cortado em um terço o número de trabalhadores, desde 2001 até ao fim deste ano (de 22.888 para 15.188 trabalhadores), excluindo o sector aéreo, a situação financeira das empresas continua a piorar.
o_aumento dos encargos financeiros é, assim, o principal quebra-cabeças do novo governo, para o qual não foi ainda avançada qualquer solução.
os especialistas contactados pelo_sol acreditam que o_estado terá de assumir a dívida antes de concessionar as empresas ao sector privado e que, com a actual dívida, as empresas nunca serão rentáveis.
«não há milagres», diz joaquim polido, presidente da adfe_rsit. «obviamente que não», garante jorge paulino pereira, do instituto superior técnico.