O seu prazer era tal que o percussionista ficou contagiado e decidiu também entrar na festa. Uma dúzia de pessoas, contando com o pessoal da casa, assistia assim a um espectáculo único. À medida que o tempo ia passando, a ‘clientela’ era renovada. Saíam uns e entravam outros. Pelo meio chegaram a entrar grupos de amigos que acabavam por abandonar o espaço pouco tempo depois. Poucos são aqueles que acham interessante estar num sítio simpático e com boa música, mas onde falta a multidão.
Quando o relógio já se aproximava das três horas, eis que vários grupos diferentes coincidem no bar. De repente tudo mudou. Aquilo que estava a ser uma festa para meia dúzia de privilegiados, alargou-se a umas dezenas e ninguém queria arredar pé. Muitos sorrisos, muita animação e não foi fácil acabar a festa. Enquanto estes últimos saíram a dizer o melhor da noite, as várias dezenas que entraram e abandonaram o espaço, sem ficarem mais do que 10 minutos, terão dito o pior. Indiferentes a todos os cenários mantiveram-se os artistas da música. Tanto ‘aceleraram’ com poucos como com muitos clientes. Curiosamente, alguns dos frequentadores tiveram a oportunidade de assistir à performance de um dos cantores mais populares do país. Paulo Gonzo, mal chegou, decidiu fazer um duo com o percussionista e durante uma boa meia hora ninguém o tirou das congas. Quem não o conhece por aquelas bandas ficou ainda mais incrédulo. MJ,na cabina, e Jair nos batuqes deram fúria de viver ao cantor português que outrora andou muito pelas bandas do blues.
O mais desagradável nestas ocasiões são os flashes das máquinas fotográficas ou dos telemóveis. Parece que é impossível viver alguma coisa sem ter que se ficar com o registo desse momento. As pessoas sentem-se despidas se não tiverem algo que possa filmar a ocasião. Quando no fundo o que é engraçado é viver o momento. A recordação, essa, é aquela que a memória for capaz de reter.