Um ano e meio depois, Bélgica terá governo

A Bélgica está prestes a por termos ao seu jejum governamental. Ao fim de 541 dias sem governo, o país vai finalmente formar um governo de coligação que vai terminar com as divergências que separavam os partidos (e população) francófonos e flamengos desde as eleições legislativas realizadas em Junho de 2010.

ao fim de quase um ano e meio sem governo, a mais recente ronda de negociações revelou-se bem sucedida. os líderes dos principais partidos francófonos e flamengos da bélgica chegaram finalmente a acordo quanto à formação de um governo de coligação, que assim irá substituir o executivo interino que até agora segurou as rédeas do país numa europa à deriva na crise.

elio di rupo, líder do partido socialista (ps), será o primeiro líder francófono em quase 40 anos, e ficará à frente do novo governo que será erguido com base na derradeira ronda negocial entre os partidos políticos, que ergueram um acordo com base na aprovação de um igualmente novo plano orçamental para o país.

o novo executivo deverá ser formalizado esta noite, após a visita de di rupo ao rei belga, alberto ii, que dará o seu aval aos 13 ministros e seis secretários de estado que preencheram a estrutura de um executivo que atendeu às exigências tanto de francófonos como de flamengos, tal como explicou o diário le soir.

salvo as distintas ideologias políticas – socialistas, critãos-democratas e liberais serão os partidos do poder -, tanto francófonos como flamengos terão o mesmo número de ministros no novo executivo: seis para cada. em número de secretários de estado, os flamengos levam vantagem, com quatro representantes contra apenas dois vindos de partidos francófonos.

o desafio

iminente que está a nomeação do novo governo belga, o seu líder elio di rupo já anunciou que o plano orçamental para 2012 prevê um défice situado nos 2,8% do pib, valor inferior ao tecto imposto pela ue e em relação ao qual o nicolas sarkozy, presidente francês, e angela merkel, chanceler alemã, manifestaram um rígido comprometimento para o futuro tanto da ue como da zona euro.

esta segunda-feira, os líderes da alemanha e frança veicularam a vontade de tornar «mais forte» o tratado europeu, e tal passará por criar punições para os países que não cumpram o limite de 3% de défice do pib imposto pela ue.

algo que abriria, ou melhor, alargaria o fosso que separa as nações mais ricas das mais pobres da europa, com países como grécia ou portugal a serem ainda mais condenadas ao pólo mais ‘desfavorecido’ do velho continente.

o próximo desafio para a bélgica, com o novo governo e plano orçamental, será manter-se à margem de uma crise europeia cujo efeito de contágio tem colocado sob alerta os líderes da ue e da zona euro. para trás ficará um recorde mundial, como o país que mais tempo perdurou sem um governo.

diogo.pombo@sol.pt