Figuras públicas da Madeira fazem curso de tiro

A PSP promoveu, na Madeira, um curso de uso e porte de arma que reuniu um grupo de figuras públicas, algumas delas com litígios entre si em tribunal.

nomes sonantes como carlos pereira, presidente do csmarítimo, josé avelino farinha, presidente da maior empresa de obras na madeira (afa), josé miguel tropa, advogado e genro de alberto joão jardim, marcelino andrade, médico ortopedista e ex-presidente da junta de freguesia de santo antónio, gil canha, vereador municipal e dirigente do pnd, e crisóstomo de aguiar, ex-deputado do psd, formaram a turma de ilustres que fazem questão de ter uma arma de defesa pessoal, como permite a lei.

a este naipe de figuras públicas juntou-se o padre responsável por uma paróquia da zona oeste da região, também ele a pagar um curso que ronda os 300 euros, para habilitar-se ao uso e porte de arma da classe b1 (pistolas e revólveres calibre 6.35). a presença do sacerdote foi a que deu mais nas vistas e, dadas as divergências públicas entre alguns formandos, comentava-se ironicamente que, caso fosse disparado, por inadvertência, algum tiro, o padre daria a extrema-unção.

a formação de três dias foi ministrada por oficiais da psp do continente. todas as figuras públicas tiveram boa nota no exame teórico e prático (na carreira de tiro). apenas carlos pereira e crisóstomo de aguiar foram dispensados do exame por estarem só a revalidar a licença. já avelino farinha, com uma licença anterior que deixou caducar, teve de sujeitar-se ao curso e ao exame.

mas até os resultados dos exames foram surpreendentes. o mais velho do grupo de candidatos ao uso de porte de arma, o médico psiquiatra, foi o que obteve dos melhores resultados. também o padre rubricou um exame com boa nota e, na carreira de tiro, fez boa figura.

ameaças e dívidas

todos ficam agora com direito a levantar a licença de uso e porte de arma, também ela paga, por um período de cinco anos. o sol contactou alguns dos formandos, mas a maior parte não quis explicar os motivos que os levaram a frequentar o curso, alegando ser um assunto do «foro pessoal».

no entanto, foi possível apurar que o denominador comum prende-se com a necessidade de «assegurar os conhecimentos técnicos numa área de defesa pessoal como preparação para os tempos difíceis que aí vêm». muitos dos nomes referidos atravessam situações complicadas nos negócios, impostas pela crise, inclusive com processos de despedimento de trabalhadores a gerar muita contestação social, pelo que a aposta na segurança pessoal não será descabida. outros estão a braços com dívidas resultantes de apostas em investimentos ruinosos.

já o sacerdote é visto como um curioso, adepto da formação multidisciplinar, assumindo-se como um apaixonado pela caça.

o vereador municipal e dirigente do pnd justifica a formação na sequência dos últimos episódios de que tem sido alvo por denunciar as ilegalidades do regime jardinista, nomeadamente ameaças, cartas anónimas e destruição de património pessoal com elevados prejuízos.

a próxima formação, segundo o núcleo de armas e explosivos da psp, formalmente designada de curso de formação técnica e cívica, só ocorrerá no próximo ano.

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