vídeo: sarkozy evitou cumprimentar cameron?
«o reino unido tem 144 mil quilómetros quadrados, mas david cameron lutou com unhas e dentes apenas por um». a frase constava hoje no twitter de ian rankin, um escritor escocês que em poucas palavras resumiu a luta que o seu primeiro-ministro levou para bruxelas, e que acabaria por determinar o primeiro veto britânico exercido em conselho europeu.
a síntese da frase de rankin pode aplicar-se ao que se passou na capital belga. a dupla angela merkel, chanceler alemã, e nicolas sarkozy, presidente francês, impulsionaram a adopção de um acordo para ‘apertar’ a disciplina orçamental dos estados membros e conferir maior poder às instituições europeias para regular o cumprimento (ou não) dos 27.
por seu lado, cameron impôs várias condições para assinar o acordo. uma delas foi que a sede da autoridade bancária europeia (eba), a agência comunitária de regulação bancária e fiscal, se mantivesse em londres.
aqui está o quilómetro quadrado evocado por rankin, onde se situou uma das exigências que terá separado o líder britânico da dupla franco-alemã que, por estes dias, empurra a ue e zona euro rumo a uma solução para a crise.
o primeiro-ministro alegou «interesses nacionais» para justificar a decisão, que poderá atirar o reino unido para um canto no futuro das decisões comunitárias, embora cameron tenha já admitido que não teme que tal cenário se venha a concretizar.
e, com a saída de cena do reino unido, um acordo entre governos, e não estados-membros, deverá agora ser assinado. não a 27, mas antes a 26 governos, com os 17 da zona euro a serem acompanhados por outros nove países.
reino unido obriga a solução fora da ue
«a coisa certa para o reino unido, decisão dura para a ue». a decisão tomada por david cameron incidia, em suma, sobre algo a que o reino unido não pertence nem tenciona pertencer: a zona euro. mas as repercussões da decisão poderão vir a ser sentidas no seio da ue, algo que tem sido sugerido tanto pela classe política como pela generalidade da imprensa europeia.
o veto britânico obriga a que seja posto em prática um acordo a 26, à margem da ue. «vinte e seis líderes são a favor do esforço conjunto, reconhecem que o euro é um bem comum», disse herman van rompuy, presidente do conselho europa, lembrando um acordo que será assinado entre governos, e não entre estados-membros, tal como escreve a bbc.
ao ser implementado o acordo até março – quando se realizará a próxima cimeira europeia -, o reino unido poderá estar destinado ao isolamento europeu.
os receios em torno da hipótese aumentaram quando os outros três países da ue fora do espaço da zona euro, a hungria, suécia e república chega, anunciaram que iam consultar os seus parlamentos para assinarem o novo acordo para a disciplina orçamental.
a confirmarem a adesão ao acordo, esta tríade de países poderá atirar o reino unido para um cenário de isolamento europeu, espoletado por uma decisão de david cameron que poderá ter condenado o território a ser ‘ostracizado’ da mesa das negociações em futuras cimeiras ou conselhos europeus.