em causa está uma margem de 12%, que acresce à euribor a três meses. nesta emissão, que o bcp usará como colateral, ou garantia, para obter financiamento junto do banco central europeu, a instituição liderada por carlos santos ferreira pagará os juros e o spread a si próprio, já que as obrigações com garantia pública ficam nas carteira dos bancos. mas o spread é o mesmo que o bcp teria que pagar se a dívida fosse colocada no mercado. e não é difícil entender o que tal significa: se um banco paga 12%, mais a euribor, para se financiar, a que taxa e com que spread poderá depois ceder crédito às empresas e particulares para não perder dinheiro? a níveis intoleráveis, como é evidente. o país ainda não está, como disseram recentemente o governador do banco de portugal e a troika , a sofrer uma crise de crédito. mas está, definitivamente, a caminhar nessa direcção.
é também por isto que o resultado da cimeira europeia que hoje termina vai ser determinante. o que sucede a portugal e aos seus bancos pode, no curto prazo, estender-se a toda a zona euro, com consequências muito negativas para a economia mundial. restaurar a confiança nas economias europeias é, portanto, a prioridade. a alternativa é a continuação da espiral recessiva e, no limite, a desintegração da zona euro. e isso é algo que devia ser impensável. será mesmo?
ricardo.d.lopes@sol.pt