Exibicionismos privados

Quando convido alguém para jantar, devo mostrar-lhe a casa toda? – pergunta Madalena Figueiredo.

haverá maior intimidade do que a nossa casa, para estarmos assim a exibi-la a qualquer convidado que se nos depare pela primeira vez? há casos especiais: se a casa é nova e há amigos íntimos com curiosidade, claro que se mostra. ou se não é nova, mas um íntimo(a), por ser recente, ou nunca ter calhado lá ir, pede para a ver, pois lá terá de ser.

mas até nisto há regras. a princesa carla da bulgária, num livro de etiqueta, adverte que a iniciativa de mostrar a casa não deve ser nunca dos anfitriões. e que devem evitar-se exibicionismos, como alardear o valor dos quadros, ou de alguma porcelana, ou de um móvel especial. conta ela que se sentiu incomodada quando um anfitrião vaidoso se virou para as visitas e lhes atirou: «sabem a fortuna que valem os tapetes que estão a pisar?». nestes casos, nós, as mulheres, temos sempre o instinto irreprimível de acirrar o salto do sapato contra o tapete valioso.

mas há partes ‘públicas’, por onde os convidados necessariamente andam: hall, salas, corredores, casas de banho. todas essas partes serão naturalmente vistas e deverão estar cuidadas.

é evidente que se uma visita menos íntima se sente embeiçada pela sua casa e pede para a ver (que ousadia, senhores!), não temos outro remédio. mas ficam todas as desculpas para passar sem ver alguma parte que não estivesse preparada para olhares externos. porque razão havemos de deixar invadir assim a nossa intimidade? ainda se for para um comprador…

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