o investimento (cerca de 150 milhões de euros) e a criação de emprego (200 postos) tinham importância. mas, sobretudo, o projecto colocaria o país na vanguarda de uma tecnologia que, a prazo, dará cartas no mundo. as razões oficiais da decisão são conhecidas: o grupo tem já uma unidade do género em operação no japão, onde atingiu uma competitividade superior à estimada. as ‘lições’ do japão serão integradas em projectos semelhantes previstos para frança, reino unido e eua, que têm a ‘vantagem’ de estar junto a fábricas onde a empresa produz carros eléctricos. essas fábricas conseguirão, assim, produzir as baterias de que o grupo prevê precisar até 2016 (1,5 milhões). a portuguesa era «de apoio» às restantes. assim, deixou de ser necessária.
é meritório que a marca esteja sempre a avaliar investimentos, decidindo em função dos ganhos para os accionistas. mas é difícil entender como, há um ano, se mostrou tão empenhada em portugal, promovendo, com josé sócrates, um verdadeiro ‘circo’ mediático em torno do projecto que agora deixou ‘cair’. é insólita, também, a resignação deste governo. assim como o recurso ao eufemismo: o projecto não foi cancelado – foi «suspenso». acima de tudo, o que salta à vista neste processo é que a história não parece estar bem contada. ou, pelo menos, em todos os seus contornos. a notícia que hoje publicamos (aqui ao lado) procura levantar o véu, mostrando que, ao contrario do que se tem feito crer, todo o processo foi complexo. os compromissos honram-se. e isto aplica-se aos dois lados. a menos, é claro, que dê jeito a ambos deixar o projecto ficar ‘sem bateria’.
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