De Estado a Estado

A reacção generalizada à entrevista de Pedro Passos Coelho ao Correio da Manhã, onde o primeiro-ministro deu conta das oportunidades de emprego que existem para professores em países lusófonos, foi um espectáculo tão deprimente como o estado da economia portuguesa.

a demagogia, como é hábito nestes casos, grassou, com uma vaga de fundo, sobretudo da oposição, a garantir que passos está, literalmente, a mandar as pessoas para fora. chegou a ser cómico o desfile de críticas no parlamento, com os partidos da oposição, em ‘panelinha’, a julgarem passos como se ele tivesse cometido o ‘crime político’ do ano. esperavam, talvez, que o primeiro-ministro dissesse que não há solução. que lhes resta esperar que o país cresça, que nasçam mais crianças, que o ensino, de um dia para o outro, consiga absorver todos, num país que produz professores (e advogados, e engenheiros, etc. etc.) como ‘pãezinhos quentes’. sócrates era criticado por ‘delirar’, por falar de um país fantasioso. passos, agora, é criticado por ser pragmático. nada a fazer…

entretanto, conforme esperado, os chineses vão entrar em força na edp. é uma das últimas ‘jóias da coroa’, onde o estado ainda tinha uma participação elevada. ironia: o estado é forçado pela troika a sair das empresas de uma vez por todas e quem entra… é outro estado, neste caso o chinês, com tradições pouco transparentes e democráticas. a alternativa seria a e.on, alemã, onde o estado também tem uma participação. de qualquer modo, a decisão está tomada. que venham por bem, é o que todos os portugueses desejam.

ricardo.d.lopes@sol.pt