Créditos Finais

Somos chegados àquela altura do ano em que grande parte das séries norte-americanas entra em hibernação, voltando ao ar em meados ou final de Fevereiro.

seguindo-lhe o exemplo, o teletexto aninha-se a um canto e deixa de interpelar semanalmente a televisão que temos.

mas quando muitas destas séries acordarem novamente nas grelhas, vão fazê-lo já em pleno reinado tdt (televisão digital terrestre), transição que começa a perceber-se poder vir a decorrer de forma pouco pacífica, dados os custos de adaptação para quem nunca quis mais do que os quatro canais em sinal aberto, as muitas queixas que têm inundado a deco relativamente ao processo e o aparente desconhecimento de parte considerável da população afectada pela medida daquilo que realmente vai acontecer quando começar o ‘apagão’ em janeiro. em 2012, promete o governo, far-se-á a privatização de um dos canais da rtp. o que implica necessariamente que, daqui por um ano, a televisão que teremos será, no mínimo, ligeiramente diferente daquela que temos hoje.

e entrará cada vez mais em conflito com o cinema, tudo leva a crer. se em termos de produção ficcionada há uma cada vez maior capacidade da televisão em seduzir realizadores e actores com propostas que comportam risco e a possibilidade de contar desapressadamente uma história – factores contrários à excessiva padronização facilitista de hollywood –, a oferta digital favorece de forma crescente a modalidade de uma cómoda e menos dispendiosa encenação caseira da ida ao cinema. tudo graças ao acesso aos títulos mais sonantes concretizado em dois ou três botões do comando. se bem que sem a mesma capacidade de nos maravilhar. mas agora, terminado o zapping, com licença, desliga-se a televisão. afinal de contas, é ainda essa a função mais importante de um comando. até um dia destes.