o alerta húngaro voltou a soar quando este semana a sua moeda atingiu um mínimo histórico de desvalorização em relação ao euro, quando quase 324 florins passaram a ser necessários para alcançar o equivalente a uma unidade da moeda única europeia.
a agravar a desvalorização da sua moeda surgiu um novo máximo dos juros de dívida do estado, a 12 meses, exigidos à hungria pelos seus investidores no último leilão no mercado primário.
esta quinta-feira, um novo máximo foi atingido nos 9,96%, valor bem superior aos 7%, uma fasquia que, quando foi ultrapassada pela itália, fez voltar as atenções dos mercados e das instituições europeias para a economia do país então ainda liderado por silvio berlusconi.
os dois factos acima mencionados seguiram o caminho que parecia já ser traçado em dezembro, quando, como lembra a bbc, duas das principais agências de notação financeira norte-americanas baixaram o ‘rating’ húngaro para a categoria de ‘lixo’, uma palavra que, já antes, as economias de portugal e grécia também tiveram que suportar.
assim, o conjugar de factores desfavoráveis poderá estar prestes a obrigar a hungria a protagonizar o segundo capítulo da sua relação com o imf. em 2008, o país foi o primeiro no território europeia a pedir um resgate à instituição monetária, na altura a rondar os 220 milhões de euros.
ue de ‘pé atrás’ com política húngara
perante o agravamento do cenário económico do país, o seu negociador oficial para a ajuda externa, thomas fellengi, deu já a conhecer a vontade húngara em «alcançar um rápido entendimento» com a ue e o fmi e, segundo a associated press, indicou igualmente que as negociações devem começar «sem condições prévias», leia-se, sem exigências por parte das instituições europeias.
mas tanto a ue como o bce também já demonstraram a sua insatisfação. no centro das queixas, escreve o el país, estão as novas leis aprovadas pelas recentes alterações à constituição húngara, promovida pelo executivo conservador, e de direita, liderado pelo primeiro-ministro viktor orban.
as instituições europeias consideram que as novas leis reduziram a independência do banco central do país, e que contrariam a legislação comunitária. a insatisfação exterior acresceu assim a contestação à alteração constitucional, que esta semana tem atirado dezenas de milhares de pessoas, em protesto, para as ruas da capital, budapeste.
mas, e face à cada vez mais apertada necessidade em recorrer à ajuda externa, fellengi soltou que o executivo «está preparado para discutir assuntos constitucionais», ao garantir que «qualquer assunto pode ser discutido à mesa das negociações».