a capital germânica acolheu uma reunião entre o par que tem puxado as negociações europeias com vista à resolução da crise. a chanceler alemã, angela merkel, recebeu o presidente gaulês, nicolas sarkozy, num encontro que terá servido, sobretudo, para preparar a cimeira europeia de 30 de janeiro. um encontro que os líderes querem ver como um passo decisivo para salvar o euro.
no rescaldo da reunião, e já perante os jornalistas, a líder germânica deixou vincada a importância da grécia em conseguir a sua segunda tranche de ajuda externa, situada nos 130 mil milhões de euros, numa altura em que o executivo helénico ainda não desbloqueou as negociações com os seus investidores, escreveu o the guardian, para que estes perdoem cerca de 50% da actual dívida do país.
«a reestruturação [da dívida] grega tem que ser posta em prática rapidamente», declarou, ao sublinhar uma condição que considerou ser «essencial» para abrir caminho à segunda vaga de ajuda externa à grécia. apesar dos avisos, a bbc lembra que merkel ressalvou que «nenhum país deveria ser excluído da zona euro».
se as negociações com os seus credores culminarem em falhanço, a grécia não terá dinheiro suficiente para pagar os seus empréstimos até ao fim de março, data limite para o pagamento. e tal poderia condenar em definitivo o país à saída da zona euro.
sarkozy centrado no tecto orçamental
mas, e apesar da sua relevância, a crise grega não constou nas declarações do presidente francês, que optou antes por destacar a introdução de uma disciplina orçamental comum a toda a zona euro e ue, uma meta que o eixo merkozy tem advogado desde a cimeira de 9 de dezembro.
nicolas sarkozy revelou que as negociações, com merkel e os restantes parceiros europeus no acordo inter-governamental – face ao ‘não’ britânico em dezembro -, deverão estar finalizadas nos próximo dias para que, na cimeira de 30 de janeiro, seja dado um passo decisivo rumo ao firmar de um novo tratado europeu no início de março, mês de conselho da ue. «queremos finalizar as negociações para que o tratado seja assinado a 1 de março», revelou.
o eixo merkozy embalou assim, e ainda mais, rumo ao equilíbrio económico-financeiro na zona euro. os líderes europeus reforçam cada vez mais os preparativos para o tratado que visará impor um tecto de 3% para o défice de cada membro do espaço da moeda única. haverá ainda, contudo, arestas a limar: as sanções a aplicar a países incumpridores e a que instituição competirá aplicá-las.
no encontro bilateral foi também discutido o mecanismo de resgate europeu (mer), que os líderes europeus esperam que esteja em funcionamento em julho. a dupla franco-alemã espera que o instrumento atinja os 500 mil milhões de euros de capacidade de resgate, valor para o qual será fundamental o consenso (e dinheiro) dos restantes parceiros europeus.