apesar de gozar, como todos os bancos centrais da zona euro, de independência financeira e institucional face ao governo, a instituição liderada por patrick honohan seguiu ‘à risca’ a austeridade adoptada por dublin. «o banco central da irlanda é independente do governo. porém, as medidas de austeridade relativas aos vencimentos dos funcionários públicos decretadas pelo executivo foram aqui aplicadas de modo semelhante», disse ao sol fonte oficial da instituição.
a irlanda é, com portugal e a grécia, um dos países resgatados pela troika, e foi palco de vários planos de austeridade. entre as medidas avançadas por dublin contam-se o corte de salários da função pública entre 5% e 10%, a redução de pensões em 10% e a diminuição do número de funcionários do estado e empresas públicas – regras que foram seguidas pelo banco central.
o sol contactou o banco central grego para conhecer a política interna seguida durante a austeridade, mas não recebeu resposta até ao fecho da edição. contudo, em 2010, a instituição helénica baixou em 10% os gastos com salários dos funcionários.
o facto de os bancos centrais do euro terem gestão autónoma – que lhes permite decidir, por exemplo, como e onde aplicar a austeridade – é uma imposição do banco central europeu (bce) que visa garantir que estas instituições são independentes do poder político. por exemplo, quaisquer alterações salariais têm de ser autorizadas pelo bce.
mas a austeridade alarga-se a países não resgatados: o salário do governador do banco de itália foi reduzido em 10% em janeiro e, na holanda, o governador recebeu um corte de 23% no salário em 2011.
a recusa do bdp em cortar este ano os subsídios de férias e de natal gerou polémica esta semana, incluindo com os partidos do governo, que apelaram ao governador carlos costa que reconsidere a decisão. «apelamos ao bdp para que se junte ao esforço que os funcionários públicos e os pensionistas vão fazer, independentemente de qualquer enquadramento legal», disse luís menezes, vice-presidente do grupo parlamentar do psd. também o cds entregou um requerimento ao bdp a questionar se a instituição «vai participar no esforço de consolidação orçamental». o líder parlamentar do ps, carlos zorrinho, pediu ontem a suspensão dos pagamentos por uma questão «ética e moral».