objectivo da medida: permitir que as instituições bancárias injectem liquidez nas depauperadas (umas mais do que outras…) economias europeias, aumentando o volume de crédito numa altura em que o dinheiro é um bem escasso no velho continente. mas os bancos, ‘gratos’ como só eles sabem ser sempre que alguém lhes estende a mão, não estão a alinhar na ideia, preferindo depositar o dinheiro… de novo no bce. o argumento, estafado, é o da falta de confiança interbancária: os bancos não confiam uns nos outros e, portanto não fazem as operações que normalmente faziam, emprestando-se mutuamente para, depois, cederem o dinheiro à economia.
o nobel da economia, joseph stiglitz, colocou esta semana o dedo na ferida: o papel do bce não é ajudar os bancos, mas os países da zona euro. ou seja, o bce deve contribuir para reforçar a confiança na europa, investindo em dívida pública nos mercados secundários, mais do que colocando à disposição dos bancos somas milionárias que, depois, não chegam à economia. portugal é disso um bom exemplo: nunca o crédito esteve tão baixo e, sobretudo, nunca os spreads estiveram tão altos, apesar de o bce emprestar dinheiro aos bancos a custo mínimo (a taxa directora está em 1%). para que serve haver dinheiro se ele não sai da ‘gaveta’? e para que servem os bancos se não cumprirem o seu papel? a confiança está em baixa, é certo. mas, sobretudo, o que o comportamento da banca mostra é que a ganância continua em alta. aparentemente, há muita gente que não está a aprender nada com a crise…
ricardo.d.lopes@sol.pt