reflectindo algum pessimismo a bolsa da xangai perdeu 21% no ano passado.
estava a ler estas notícias no wall street journal de 17 de janeiro, depois de ter assistido, na fox news, ao debate dos candidatos republicanos na carolina do sul. um debate muito marcado pelos aplausos e vaias dos assistentes, cujos sentimentos de direita pura e dura são claros.
nesse debate, um elemento subjacente é a consciência de uma decadência dos estados unidos, como decadência ocidental. e a vontade, nem sempre esclarecida, de a combater. tal vê-se bem nas discussões sobre política de defesa, luta antiterrorista ou na questão israelo-árabe.
os candidatos estão sob a pressão de um eleitorado militante cujos valores de referência são uma tríade religiosa, patriótica e conservadora. mesmo o favorito romney, com os seus ares business-oriented e o seu passado ‘frouxo’ em matérias de fé dos conservadores (gay rights, aborto, segurança social) está preocupado em demonstrar que se bate por uma américa militarmente forte, economicamente fiel ao empreendedorismo livre, crente nos valores familiares e no destino manifesto dos estados unidos como país e povo escolhidos por deus.
em matéria de política externa, por exemplo, algumas das opiniões (perry disse coisas extraordinárias sobre o governo turco e o seu ‘islamismo’…) são básicas. como a obsessão da incondicionalidade em relação a israel, uma incondicionalidade que pode ser má para todos, encorajando o protegido a aventuras. (lembrem-se as garantias alemãs a viena em 1914 e de londres e paris a varsóvia em 1939).
como o poder das potências é relativo, atrás dessa preocupação americana está também a ascensão da china.
a história é assim e sabemos isso bem: o nosso império comercial no oriente foi perdido para os holandeses. depois os holandeses perderam-no para os ingleses que, mais tarde, o perderam para os norte-americanos.
a ascensão da china vem das reformas que deng xiaoping e os seus sucessores à frente do partido comunista chinês foram corajosamente capazes de introduzir no colectivismo igualitário maoísta, com vista a tornar o país forte.
a política externa chinesa obedece a um nacionalismo defensivo, que tem as suas raízes e explicações na história dos últimos duzentos anos: os chineses foram humilhados pelos ingleses nas guerras do ópio, pelos europeus, americanos e japoneses depois da revolta dos boxers, invadidos e massacrados pelos japoneses nos anos trinta do século passado e enfrentaram os americanos na coreia.
os dirigentes chineses não querem isto nunca mais. mantiveram o modelo do partido único, numa estreita aliança com os militares, mas acabaram com o terror da ‘revolução cultural’. não querem voltar a ver o seu país humilhado e fragmentado e, para isso, compreenderam que tinham de ter uma economia forte e trataram de a construir: liberalizaram parte da produção e do comércio; atraíram capital e indústrias estrangeiras; lançaram-se na internacionalização – nomeadamente por áfrica – para assegurar recursos energéticos, matérias primas e mercados.
por tudo isto, também, estão onde estão. são a segunda economia do mundo e, em 2018, poderão passar, em pnb os estados unidos.
a ascensão de uns é sempre a queda (relativa) de outros.