MAI planeou demissão na PSP

O recém -exonerado director nacional da PSP, Guedes da Silva, tinha o destino traçado desde o Verão: o ministro da Administração Interna (MAI), Miguel Macedo, decidiu substituí-lo pouco tempo depois de tomar posse. A carta dos superintendentes, com vários alertas sobre a situação «insustentável» que se vive na instituição, foi só um ‘pretexto’ para que…

miguel macedo – escolhido por passos coelho pela capacidade política de gerir crises com mão-de-ferro num ministério sempre controverso – quis conter a onda de indisciplina que crescia na psp e preparar terreno para a reforma que se avizinha na instituição, com a revisão do estatuto e da actual tabela remuneratória.

 

carta teve efeito contrário
o conflito entre a tutela e a direcção da polícia despontou logo em agosto, quando numa cerimónia oficial, no porto, o comandante metropolitano pinto vieira declarou que a psp estava no limite das suas capacidades. miguel macedo não gostou do aviso e terá pedido providências ao director nacional, que não terá correspondido.

«desde setembro que se sabia que o ministro queria mudar o director nacional», disse ao sol um oficial superior da instituição, referindo-se a abordagens feitas por macedo a vários sindicatos sobre possíveis candidatos à sucessão. o mai chegou mesmo a ponderar escolher um civil para o cargo de director nacional da psp.

«os responsáveis políticos devem tratar a psp com todo o cuidado e preocupação» – insiste a mesma fonte, considerando que o ministro foi também responsável pelo clima de instabilidade que cresceu na instituição: «o ministro actuou de uma forma um pouco estranha».

a tese de que guedes da silva foi demitido por deslealdade ao ministro é, de resto, contestada por vários sectores da psp. a intenção do director nacional nunca foi ocultar a carta, mas sim entregá-la pessoalmente ao ministro. a missiva acabou, porém, por ser divulgada nos órgãos de comunicação social antes da reunião com miguel macedo. «um erro de timing», diz fonte policial. e isso precipitou a saída de guedes da silva – que ainda chegou a ir à rtp comentar o assunto e apoiar os oficiais.

a sua demissão apanhou os superintendentes de surpresa: «a ideia era fazer um aviso mais sério ao ministro e, no fundo, reforçar aquilo que o próprio director nacional já lhe vinha transmitindo», garante a mesma fonte.

contactado pelo sol, o_mai não quis comentar, relembrando a única explicação de macedo sobre o assunto: «é uma nova etapa» na psp.

helena.pereira@sol.pt

sonia.graca@sol.pt

*com catarina guerreiro