como diriam as nossas avós, é preciso ter chá, para se saber servir o chá. quem não for habituado a beber e servir muito chá, não tem educação para quase coisa nenhuma, incluindo para servir o chá. a falta de chá, numa pessoa, sobressai tanto como o verniz estalado. ou se tem – ou não. na minha opinião, só quem não tem chá nenhum ousa servir o chá atirando despreocupadamente um saco para uma xícara ou caneca.
o chá tornou-se uma bebida muito civilizada em toda a europa, quando catarina de bragança, casada com carlos ii de inglaterra, o introduziu nos costumes da corte britânica do século xvii. tinham sido os portugueses a trazê-lo do oriente, e concretamente do japão, no séc. xvi.
as folhas começaram a ser ultimamente empacotadas em saquinhos, nesta ânsia de facilitar a vidinha. e cada vez mais gente tem saco para o saquinho do chá. mas eu acho indispensável – com folhas (preferível, mas raro) ou em saco – que o chá venha no bule. até há um ritual para o servir. a dona da casa ou o anfitrião servem-se a si próprios primeiro, para o provar e deixar abrir bem. e só depois o servem aos convidados. para quem tenha tiques ingleses, acrescenta-se-lhe até um farrapo de leite.
na rua (num café, numa pastelaria), deve ser a mulher ou a rapariga de maior honra (no caso do vinho, seria o homem – afinal, sempre há o direito à diferença de género) a servi-lo. se for só entre homens, que avance o mais apreciador.
envie as suas dúvidas para: assuncao.cabral@sol.pt