Um projecto arrojado

Mesmo junto ao rio Lima, ergue-se a Quinta do Ameal – 12 hectares de vinha (em solo granítico e virado a Sul) que suportam um arrojado projecto do proprietário Pedro Araújo.

com a sua história de vida ligada ao sector vinícola, foi colhendo a experiência familiar acumulada desde os tempos do seu bisavô, o famoso adriano ramos pinto. até que há 13 anos decide lançar-se numa corajosa empreitada. numa zona onde os vinhos verdes são a regra, enveredou pela produção dos grandes vinhos brancos e pela agricultura biológica. para isto, dedicou-se de alma e coração ao que chama ‘projecto loureiro’, uma casta que na zona de microclima onde se situa a quinta do ameal confere aos brancos «uma expressão fantástica», como gosta de referir.

o vinho que hoje apresentamos (um branco doce) é um produto muito especial e que só se consegue em alguns anos. muito distinguido pela crítica nacional e internacional, o quinta do ameal – special harvest 2010 teve uma produção de apenas 620 garrafas (de 375 ml) e resulta de uma técnica que levou sete anos a aprimorar. as particularidades da sua produção acabam por justificar o seu preço (escolha bago a bago), sabendo-se, por exemplo, que de uma tonelada de uvas não se consegue fazer cem litros. trata-se de uma quebra muito grande se compararmos com o aproveitamento de 70% das uvas que é normal para os outros vinhos. depois da vindima, as uvas são secas durante um processo que demora três meses e cuja fermentação é lenta e interrompida pelo frio, ficando o vinho com cerca de 12% de volume de álcool e um teor de açúcar muito superior a 100 g/l.

o quinta do ameal – special harvest apresenta uma cor amarela dourada, tem aromas de casca de laranja e mel. na boca afirma-se doce mas com grande frescura e uma acidez equilibrada, e termina longo. pode beber-se sozinho ou acompanhando sobremesas, foie gras e certos queijos.

jose.moroso@sol.pt