Mais recolha nos electrões

Europa tem novas regras para a reciclagem de lixo eléctrico e electrónico. Portugal chegou às 40 mil toneladas em 2011.

a união europeia pretende reduzir a exportação ilegal dos equipamentos eléctricos e electrónicos em fim de vida para países como o gana, a nigéria ou a china, com a nova directiva que estipula o aumento da recolha e reciclagem destes resíduos. «sabemos que muito lixo ilegal está a ser enviado para a áfrica ocidental e a ásia, mas também para outros destinos. esperamos que as novas regras contribuam para reduzir este problema», revela ao sol fonte do parlamento europeu (pe) para as questões do ambiente.

na semana passada, o pe decidiu que, a partir de 2016, a maioria dos estados-membros terá de recolher 45 toneladas de equipamentos eléctricos e electrónicos – como frigoríficos, aspiradores, torradeiras, computadores, telemóveis ou brinquedos – por cada cem toneladas destes resíduos colocadas no mercado três anos antes.

até agora, as orientações definiam a recolha mínima de quatro quilos deste tipo de lixo por habitante e os portugueses, durante anos, fizeram parte dos europeus que menos electrodomésticos separavam em casa ou no trabalho.

portugal não atingia a meta dos quatro quilos/habitante nos dados mais recentes apresentados pelo eurostat e que se referem a 2008 – naquele ano, cada português separou correctamente apenas 3,9 quilos de resíduos eléctricos, enquanto os suecos, por exemplo, chegaram aos 14,8 quilos, os dinamarqueses aos 13,9 e os noruegueses aos 10,5 quilos.

no entanto, todos os anos tem-se verificado um aumento na recolha deste lixo. de acordo com a amb3e – associação portuguesa de gestão de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos – responsável por 75% do material – o acréscimo de 2009 para 2010 foi de 2,85%, sendo o valor mais recente animador: em 2011, a associação «recolheu e deu seguimento a mais de 40 mil toneladas», o que significa um aumento de 12,5% na recolha feita nos pontos electrão e o cumprimento da meta dos quatro quilos por habitante.

no entanto, com a nova directiva, a contabilidade será feita de forma diferente – «os novos resultados vão ser baseados no consumo de bens electrónicos e no lixo que é criado, e não apenas num valor fixo igual para todos os países», revela fonte do pe.

o objectivo é «contribuir para uma produção e um consumo sustentáveis», lê-se no documento, mas também para a «valorização» dos resíduos, «de modo a reduzir a quantidade a eliminar e a contribuir para a utilização eficiente dos recursos e a recuperação de matérias-primas secundárias valiosas».

acresce ainda o facto de muitos electrodomésticos, equipamentos informáticos e aparelhos médicos serem compostos por substâncias «perigosas» – como mercúrio, cádmio, chumbo ou crómio – sujeitas a «um tratamento inadequado e que são ilegalmente exportadas». no futuro, quem exportar deverá ter documentos a provar que os bens serão reparados ou reciclados no novo destino.

francisca.seabra@sol.pt