CTT recusam-se a entregar correio devido a grua

Em cinco anos, os 50 lares da Urbanização Mártir S. Sebastião, na cidade de Lamego, nunca receberam correspondência nas caixas de correio. Uma grua, colocada na berma de uma das ruas que dá acesso àquele bairro, tem sido a razão invocada para que os carteiros não façam a distribuição naquele local. Os moradores acusam os…

num mail enviado aos ctt, igor nunes, um dos moradores da urbanização, chegou a questionar a empresa «se em todas as cidades, vilas e aldeias que tenham uma grua, no auxílio de uma obra, não há distribuição de correio». em resposta à queixa, os ctt insistiram na posição tomada: «não estão reunidas as condições para efectuar a entrega ao domicílio, em virtude de o edifício não possuir campainhas e na deslocação o distribuidor ter de passar por baixo de uma grua em mau estado de conservação».

para os residentes, a justificação é incompreensível, não só porque a grua nunca deu qualquer problema, mas também porque que existe um trajecto alternativo de acesso ao bairro. «desde que os apartamentos foram construídos, há cinco anos, os ctt arranjaram desculpa para não nos entregarem o correio. primeiro, era por a rua ser de terra batida», conta ao sol igor nunes.

«depois, o arruamento ficou em betão e a desculpa passou a ser a grua que está na berma da estrada. mais tarde, passaram a dizer que não tínhamos campainhas», acrescenta. qualquer uma das justificações dadas pelos ctt não convencem os moradores. «existem campainhas, mas mesmo que não existissem não fazia qualquer diferença porque as caixas de correio estão no exterior do prédio», sublinha igor nunes.

os moradores daquela urbanização têm de ir levantar as cartas aos correios, sendo que nem sempre têm disponibilidade para conseguir ir buscar a correspondência dentro dos horários de serviço daquela loja dos ctt. as alternativas propostas a igor nunes foram: ou redireccionar a correspondência para outra morada (o que custaria 7,50 euros por mês) ou comprar um apartado (50 euros anuais). «já tive a empresa de gás a ameaçar cortar-me o gás porque a carta foi para trás», lamenta o morador.

queixas idênticas tem daniela castro, que reside na urbanização há meio ano: «quando fui para o bairro não sabia da situação e cheguei a receber uma notificação da edp, na minha anterior morada, em que me ameaçavam cortar a electricidade por não ter pago a conta». esta moradora conta ao sol que chega a estar uma semana sem conseguir ir ao posto dos ctt levantar o correio. daniela questionou o chefe do posto dos correios sobre a situação. como resposta diz ter ouvido: «o empreiteiro que remova a grua, nós vamos lá comprovar que foi retirada, pomos a distribuição no bairro e depois o empreiteiro pode voltar a pôr a grua que já não há problema». tanto para daniela, como para carlos ferreira (outro morador), a atitude dos ctt é incompreensível. «têm uma estrada por detrás da urbanização, por onde podiam vir sem ter de passar pela grua», aponta carlos ferreira.

após o sol ter ontem contactado o chefe do posto dos ctt em lamego, igor nunes afirmou ao sol que a empresa mudou de posição e a grua deixou de ser problema. por mail, o responsável pelo apoio aos clientes informou que «foi decidido iniciar a distribuição domiciliária» no endereço daquele morador. «contudo, nas fracções aonde não existir campainha sempre que a correspondência não poder ser colocada nos receptáculos, em consequência da sua dimensão, ou porque tem serviços especiais associados, será passado aviso para levantamento na loja mais próxima», acrescentou o responsável.

liliana.garcia@sol.pt