desde então, apenas a fertagus e o metro de lisboa ganharam passageiros, num período que conta ainda com a entrada em funcionamento dos metropolitano do porto (2003) e sul do tejo (2008).
os autocarros são cada vez mais preteridos, com a stcp, do porto, a realizar em 2011 menos 124 milhões de viagens do que em 2001, e a carris, de lisboa, com menos 79 milhões. a maior contribuição positiva vem do metro do porto, que atraiu 55 milhões de passageiros em 2011.
o ano de 2011 quebrou a dinâmica de crescimento de passageiros dos dois anos anteriores, segundo os dados das empresas facultados ao sol. no ano passado realizaram-se menos 6,1 milhões de viagens nestas empresas.
para este resultado contribuiu, de forma significativa, o aumento médio do preço dos bilhetes em 15% decretado pelo governo em agosto, uma medida que visa equilibrar as contas das empresas do sector. no primeiro semestre de 2011, estas empresas registavam, no total, um ganho em relação a 2010 de 35 mil passageiros diários. mas a tendência inverteu-se no segundo semestre, com uma quebra de 3,4% nos passageiros transportados: o aumento dos preços ‘custou’ 69 mil viagens diárias às empresas.
mas não são apenas os aumentos de tarifas que explicam a tendência de perda dos últimos dez anos. segundo álvaro maia seco, docente na universidade de coimbra, a política de transportes tem «privilegiado a utilização do automóvel». «por um lado, quer resolver-se o problema do serviço da dívida, que é uma loucura», explica. em 2010, 76% dos prejuízos das empresas deveram-se ao pagamento de juros da dívida. «por outro lado», continua o antigo presidente do metro do mondego, «é necessário encontrar novas fontes de financiamento, por exemplo, através da apropriação das mais-valias imobiliárias e da utilização das receitas de estacionamento no sector».
desincentivar a utilização do transporte individual é um imperativo, garante. segundo o eurostat, entre 2001 e 2009 a extensão das auto-estradas portuguesas disparou 63%, para 2.705 quilómetros. como causa e consequência, há mais 734 mil automóveis de passageiros a circular do que em 2001, num total de 4,48 milhões em 2010, segundo os últimos dados da associação automóvel de portugal (acap).
«o transporte público não é atractivo», resume paulino pereira, docente do instituto superior técnico, em lisboa. «há pessoas que começam a comprar carros em segunda mão: é mais prático e até mais barato». para o especialista, a estratégia definida «deve pensar nas pessoas, colocar-se no lugar do utilizador».
*com emanuel costa