as novidades que chegam da grécia acrescem à imagem de instabilidades que o país tem passado. cinco membros do governo de coligação – formado inicialmente por 48 deputados -,incluído mariliza xenogiannakopoulo, a vice-ministra dos negócios estrangeiros, demitiram-se dos seus cargos no executivo de união nacional formado em novembro.
vídeo: a subida de tom dos protestos nas ruas de atenas.
entre eles estão três deputados do paos, partido de extrema-direita, que antes tinha retirado o seu apoio ao acordo – exigido pela ‘troika’ -, que visa aplicar mais medidas de austeridade no país. assim, para piorar a contestação que se vive pelas ruas de atenas, o governo grego vê uma instabilidade política crescer sob o embalo de protestos no próprio seio da sua coligação.
as vozes de descontentamento subiram ainda mais de tom na noite de ontem, quinta-feira, quando da reunião do eurogrupo saíram exigências por parte dos líderes europeus para que o acordo a executar na grécia consista em medidas que apertem ainda mais o cinto da austeridade, sob a ameaça, expressa por jean-claude jüncker, presidente do eurogrupo, de que «sem desembolso não há implementação».
o líder referia-se, em concreto, à libertação dos 130 mil milhões de euros que a ‘troika’ – fmi, bce e ue -, prometeu canalizar para a grécia de modo a evitar (ou pelo menos abrandar) o ritmo da queda do país na bancarrota. mas, em troca, exigem que o país arranje maneira de ‘poupar’ mais 325 milhões de euros, além dos milhões já consagrados nas medidas que ontem foram negociadas entre o governo grego e os então ainda três partidos que apoiavam o acordo.
uma retirada contra a «submissão»
a saída de cena do paos e dos seus deputados que integravam a coligação do governo de lucas papademos surgiu após as novas exigências europeias que saíram da reunião de ontem do eurogrupo. giorgos karatzaferis, líder do paos, foi crítico nas suas palavras ao avaliar a postura da ‘troika’ e dos credores privados da grécia.
«os credores estão a pedir 40 anos de submissão», disse, antes de frisar ao diário kathimerini que «a grécia não se vai entregar» e que «pode sobreviver fora da ue, mas que não consegue sobreviver debaixo de uma bota alemã». um tratamento que considerou «humilhante» para o país.
a demissionária vice-ministra mariliza xenogiannakopoulo, pertencente aos socialistas que integram a coligação do executivo, falou mesmo numa «imposição de medidas que vão piorar a recessão e conduzir o país ao desespero».
mas a retirada dos cinco deputados não impedirá que as novas medidas de austeridade sejam aprovadas no parlamento grego, na votação que decorrerá no domingo. nem mesmo a ausência dos 16 deputados que o paos tinha no parlamento em atenas impedirão uma votação a favor, pois a coligação que apoia o governo detinha, no inicio, 252 dos 300 assentos parlamentares.