Estado é quem deve resolver a dívida dos transportes

É ao accionista Estado que compete resolver o problema da dívida histórica das empresas públicas de transportes através «da reposição dos capitais próprios», diz o presidente da CP, José Benoliel (na foto), numa mini-entrevista por email ao SOL. As empresas estão a ser asfixiadas pelo pagamento de juros, tornando impossível a obtenção de lucros, argumenta…

a cp registou um prejuízo de 255 milhões de euros em 2011, mais 31% do que em 2010, apesar de ter reduzido as perdas operacionais de 74 para 44 milhões de euros. ou seja, os juros estão a ‘matar’ a empresa. e já pesam mais do que os salários.

«este desequilíbrio continuará a reflectir-se nos custos financeiros de forma fortemente negativa e com um impacto crescente nos prejuízos», refere o presidente da cp. josé benoliel é, assim, o primeiro presidente das empresas públicas de transportes a defender um papel decisivo do estado na resolução deste problema. «a dívida histórica é um problema que, pela sua dimensão, não é possível resolver pelos meios próprios da empresa».

o presidente da operadora ferroviária garante, porém, que irá continuar a aplicar as medidas de contenção de custos. «para isso, está prevista a continuidade da política de rescisões de mútuo acordo e a reestruturação de alguns serviços, com vista à eliminação de redundâncias e ineficiências», diz. em 2011, a cp cortou cerca de 500 postos de trabalho, num de 3.000 nos últimos dez anos.conta agora com um efectivo perto de cinco mil trabalhadores, sendo a empresa do sector que mais pessoas emprega.

o corte de linhas e de trabalhadores ajuda a melhorar resultados, mas parece que tudo tem mesmo um preço. em 2011, foi o ano em que a empresa transportou menos passageiros, 126 milhões, uma queda de nove milhões face a 2010. para tal tem contribuído «um caminho-de-ferro pensado para as necessidades do século xix», bem como «a revolução das vias rodoviárias» e a falta de «políticas de incentivo à utilização do transporte público».

para 2012, benoliel espera um «resultado operacional praticamente equilibrado».

frederico.pinheiro@sol.pt