«a diminuição das vendas foi superior à quebra do tráfego. cada português que visitou um centro comercial gastou, em média, menos 10% do que em 2010, o que é normal», explica o responsável, detalhando que as receitas do sector também caíram nessa percentagem.
em 2010, as vendas tinham recuado 5%, tal como noticiou o sol no início de 2011, com base em números do presidente da associação portuguesa de centros comerciais (apcc), que representa 90% desta actividade.
«em 2011, a crise esteve no seu esplendor e os centros comerciais não ficaram imunes. os efeitos sentiram-se no tráfego e no número de visitantes, que baixaram, e na diminuição das vendas», justifica.
segundo o índice footfall, elaborado pela experian footfall – que mede o tráfego nos shoppings, através da contabilização das entradas – em 2011, as visitas recuaram 8,18%. no ano passado, todos os meses evidenciaram reduções neste indicador face ao registado em 2010. a maior foi em maio (-11%), pouco depois do pedido de ajuda externa feito por portugal e quando se conheceram as primeiras medidas de austeridade impostas pela troika e pelo governo.
seguiram-se janeiro e março, com quebras iguais (- 10,9%), e outubro (-10,8%), mês em que o primeiro-ministro anunciou o corte nos subsídios. o ‘melhor’ mês, ainda assim no ‘vermelho’, foi dezembro, forte em compras de natal, com um recuo de 2,9%.
de acordo com o mesmo índice, em 2009, as visitas caíram 5,16% face a 2008. já em 2010, a redução foi de 3,01%. ainda assim, sampaio de mattos assegura que «nos centros comerciais as coisas passaram-se de uma forma menos grave face ao que está a acontecer no país. quer o tráfego, quer as vendas têm-se aguentado em níveis que são aceitáveis perante a conjuntura actual».
para 2012, o presidente da apcc acredita que a tendência de decréscimo deverá manter-se, mas de forma menos acentuada, com perdas menores, mesmo apesar do desemprego em máximos históricos, da contenção e da dificuldade no acesso ao crédito e da consequente retracção no consumo.
«acredito que, em 2013, possa começar a haver alguma recuperação, mas vai demorar a chegar aos níveis de 2010», afirma. «para termos uma ideia das quebras médias anuais vamos ter de comparar o que aconteceu no final de 2012 com o que aconteceu em 2010 para perceber a verdadeira situação destes dois anos», continua, defendendo que «o ano 2011 foi atípico».