Centros comerciais perderam mil milhões de euros em 2011

Os centros comerciais em Portugal facturaram menos mil milhões de euros em 2011 face ao ano anterior, avançou ao SOL António Sampaio de Mattos, presidente da associação do sector. Em 2010, o volume de negócios dos shoppings atingiu dez mil milhões de euros.

«a diminuição das vendas foi superior à quebra do tráfego. cada português que visitou um centro comercial gastou, em média, menos 10% do que em 2010, o que é normal», explica o responsável, detalhando que as receitas do sector também caíram nessa percentagem.

em 2010, as vendas tinham recuado 5%, tal como noticiou o sol no início de 2011, com base em números do presidente da associação portuguesa de centros comerciais (apcc), que representa 90% desta actividade.

«em 2011, a crise esteve no seu esplendor e os centros comerciais não ficaram imunes. os efeitos sentiram-se no tráfego e no número de visitantes, que baixaram, e na diminuição das vendas», justifica.

segundo o índice footfall, elaborado pela experian footfall – que mede o tráfego nos shoppings, através da contabilização das entradas – em 2011, as visitas recuaram 8,18%. no ano passado, todos os meses evidenciaram reduções neste indicador face ao registado em 2010. a maior foi em maio (-11%), pouco depois do pedido de ajuda externa feito por portugal e quando se conheceram as primeiras medidas de austeridade impostas pela troika e pelo governo.

seguiram-se janeiro e março, com quebras iguais (- 10,9%), e outubro (-10,8%), mês em que o primeiro-ministro anunciou o corte nos subsídios. o ‘melhor’ mês, ainda assim no ‘vermelho’, foi dezembro, forte em compras de natal, com um recuo de 2,9%.

de acordo com o mesmo índice, em 2009, as visitas caíram 5,16% face a 2008. já em 2010, a redução foi de 3,01%. ainda assim, sampaio de mattos assegura que «nos centros comerciais as coisas passaram-se de uma forma menos grave face ao que está a acontecer no país. quer o tráfego, quer as vendas têm-se aguentado em níveis que são aceitáveis perante a conjuntura actual».

para 2012, o presidente da apcc acredita que a tendência de decréscimo deverá manter-se, mas de forma menos acentuada, com perdas menores, mesmo apesar do desemprego em máximos históricos, da contenção e da dificuldade no acesso ao crédito e da consequente retracção no consumo.

«acredito que, em 2013, possa começar a haver alguma recuperação, mas vai demorar a chegar aos níveis de 2010», afirma. «para termos uma ideia das quebras médias anuais vamos ter de comparar o que aconteceu no final de 2012 com o que aconteceu em 2010 para perceber a verdadeira situação destes dois anos», continua, defendendo que «o ano 2011 foi atípico».

ana.serafim@sol.pt