Lisboa vê nascer 12 novos hotéis

Depois de um 2011 com três inaugurações, este ano devem abrir seis unidades hoteleiras na capital. Outras tantas estão em construção ou prestes a arrancar. Excesso de oferta e pressão nos preços preocupam sector.

este ano deverão abrir em lisboa pelo menos seis novos hotéis, todos de quatro e cinco estrelas, segundo informações recolhidas pelo sol, com base em dados do observatório de turismo de lisboa.

link: hoteleiros avançam com construção.

já este mês, será inaugurado o fontecruz lisboa, na avenida da liberdade. a primeira unidade do grupo espanhol em portugal, com 72 quartos, foi pensada para atrair turismo de negócios e de lazer e, sobretudo, hóspedes do país vizinho. e espera alcançar uma ocupação de 70% no primeiro ano de actividade, segundo antecipa a directora do hotel, cristina valverde.

entre junho e julho, deve abrir portas o europa plaza, do grupo português 3k, que já tem três unidades na capital. com 140 quartos e um preço médio por noite de 80 euros, este quatro estrelas começou a ser pensado em 2008 e representa um investimento de 20 milhões de euros, feito com capitais próprios. «estamos optimistas em relação à unidade, devido à sua localização e serviços que vamos prestar», assegura o gerente da empresa, josé teixeira, reconhecendo que a conjuntura possa não ser a melhor para arrancar. «no primeiro ano, apontamos para 20% de ocupação, 35% no segundo e 45% no terceiro, atingindo os 60 ou 70% no quinto ou sexto ano», detalha.

em junho, deve ainda ser lançado o cs palace lisboa hotel, em belém, garantiu ao sol joão diogo leitão, administrador do grupo que está em reestruturação financeira.

também a rede nacional sana planeia inaugurar este ano dois cinco estrelas: um na antiga torre vasco da gama e outro perto das amoreiras (ver mapa). e a lanidor prevê estrear o seu hotel de charme na avenida de liberdade, no último trimestre do ano.

existindo actualmente 124 hotéis na cidade – que totalizam mais de 15.500 quartos e acima de 27.700 camas turísticas – este ano haverá o dobro das aberturas face a 2011. mas menos do que em 2010, quando abriram dez hotéis. em 2009, tinham surgido dois e outros seis em 2008, contas que têm levantado a questão do excesso de oferta hoteleira na capital portuguesa, sobretudo em época de crise.

procura preenche oferta?

«é preciso trabalhar muito porque há esta capacidade instalada, em stock, que já é francamente superior à procura», afirma a directora executiva da associação da hotelaria de portugal, cristina siza vieira. e refere um estudo relativo à última década do sector, em lisboa, que indicava que, nesse período, a oferta crescera 54% para uma subida de 33% na procura.

e ainda que destaque os resultados positivos em lisboa em 2011 – as dormidas cresceram 4,9%, segundo o ine –, sobretudo nos cinco estrelas, onde a taxa de ocupação aumentou 10,21% e a rentabilidade avançou 4,31%, a responsável também alerta que, em janeiro, já houve «arrefecimento».

a descida dos preços praticados é outra das preocupações. «pretende-se que não haja uma pressão no preço pelo excesso da oferta e aí tem de haver um posicionamento estratégico por parte da hotelaria, porque concorrer pelo preço é suicida», diz a responsável. captar congressos e mais turistas do brasil, rússia ou china deve ser a aposta para equilibrar procura e oferta, defende.

«a oferta de cinco estrelas não está em excesso. e tudo faremos para que se subam os preços médios do nosso patamar. quando há eventos de grande envergadura em lisboa, o stock de camas transforma-se em défice», concorda cristina valverde, do fontecruz lisboa, onde uma noite custará entre 110 e 120 euros. «não se pode controlar a oferta. haverá uma altura em que os hotéis deixarão de ser rentáveis e o mercado criará o seu próprio equilíbrio», afirma, por sua vez, josé teixeira.

ana.serafim@sol.pt