‘CCB tem situação financeira equilibrada’

O presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), Vasco Graça Moura, revelou hoje que a instituição «tem uma situação financeira equilibrada», mas vai enfrentar um ano «extremamente difícil» dada a conjuntura económica do país.

um mês após ter sido nomeado para liderar o ccb, em lisboa, substituindo antónio mega ferreira, o responsável disse à agência lusa que «é preciso jogar com enorme prudência» na construção da programação do próximo triénio, até 2015.

«foi importante para mim saber que a situação financeira do ccb é equilibrada. mas todas as análises das situações baseiam-se no passado, e estamos a viver num momento extremamente difícil, em que as empresas recorrem menos aos nossos serviços e em que os mecenas estão a recuar», indicou.

precisou que o orçamento global do ccb ronda os 13 milhões de euros em 2012.

«uma parte são custos fixos, outra é para a programação, e outra para o museu berardo. o que temos de tentar fazer é reforçar as componentes de receita que vêm da exploração dos espaços, das lojas, e da bilheteira. têm de ser cuidadamente analisados e accionados porque situação é difícil efectivamente», reiterou.

sobre a possibilidade de fazer parcerias – como muitas entidades estão a optar – vasco graça moura não o coloca de parte: «estamos a entrar num ano muito difícil, a crise é geral, e vai ser preciso olhar as coisas com um método de grande economia de meios. todas as parcerias têm de conjugar esse sentido da escassez».

questionado sobre a evolução do público do ccb nos últimos anos, o presidente da entidade indicou que «tem aumentado ligeiramente, em média, e pode-se considerar que é estável, mas há áreas em que tem descido muito».

no entanto não quis adiantar as áreas em que esse decréscimo é notório: «ainda não tenho conclusões seguras nessa matéria, mas noto em informações quantitativas em que é sensível. mas há que ver outros aspectos, para poder dar uma opinião».

sobre o tipo de público que pretende conquistar para o ccb no novo rumo que vai tomar, disse que não quer pensar num «público massificado porque isso seria nivelar pelo mais baixo».

«o público em abstracto é um bocado como o povo em abstracto, é sempre um conceito forçado que não corresponde à realidade. temos que oferecer a vários públicos produtos culturais que correspondam a várias expectativas», defendeu.

em relação à conclusão do projecto do ccb, que previa a criação de mais dois módulos, o 4 e o 5 – este último ocupado por um hotel – nunca concretizados, vasco graça moura disse que ainda não é possível avançar.

«há uma regularização pendente entre a câmara municipal de lisboa e o estado quanto à titularidade de alguns terrenos, e não se pode avançar sem estar resolvido esse direito, para negociar com os interessados», indicou.

sobre a situação do museu colecção berardo, instalado desde 2007 no ccb, após um acordo de cedência de obras de arte entre o coleccionador e o estado, vasco graça moura disse que a política que vai seguir «é de boas maneiras e cortesia».

«já visitei o museu com o comendador berardo e mantemos uma boa colaboração enquanto o museu estiver instalado no ccb», afirmou.

questionado sobre a mais valia do museu berardo para o ccb, vasco graça moura disse que dependia das circunstâncias concretas.

«só poderia responder se tivesse pleno conhecimento dos meios orçamentais para uma programação na área das artes plásticas. se eu não tivesse nenhum dinheiro, então é valioso ter uma colecção de arte importantíssima que abrange todo o século xx, e não há outra em portugal. mas se tivesse dinheiro seria preferível ter uma programação própria», afirmou.